Santa Igreja Católica



Bíblia Católica

Novo Testamento

Jesus é o Messias -*  Jesus chegou à região de Cesaréia de Filipe, e perguntou aos seus discípulos: "Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?  "Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas."    Então Jesus perguntou-lhes: "E vocês, quem dizem que eu sou?"    Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo."    Jesus disse: "Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe revelou isso, mas o meu Pai que está no céu.    Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la.   Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu." Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. 

"Eu garanto a vocês: Moisés não deu para vocês o pão que veio do céu. É o meu Pai quem dá para vocês o verdadeiro pão que vem do céu,    porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo."    Então eles pediram: "Senhor, dá-nos sempre desse pão." Jesus disse: "Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem acredita em mim nunca mais terá sede". 

O Espírito gera a Igreja -* Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar.    De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam.  Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.

A primeira comunidade - *Os apóstolos voltaram para Jerusalém, pois se encontravam no chamado monte das Oliveiras, não muito longe de Jerusalém: uma caminhada de sábado. Entraram na cidade e subiram para a sala de cima, onde costumavam hospedar-se. Aí estavam Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão Zelota e Judas, filho de Tiago.   Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus. 




Mensagem da Virgem Maria de Medjugorje

JESUS busca a unidade entre o Céu e a terra, entre o PAI CELESTIAL e vocês, Meus filhos – a SUA Igreja. Portanto, é necessário rezar muito, rezar e amar a Igreja a a qual vocês pertencem. Agora a Igreja está sofrendo e necessita de apóstolos que, pela unidade de amor, pelo testemunho e doação, mostram os caminhos de DEUS. A Igreja necessita de apóstolos que, por viverem a Eucaristia com o coração, fazem grandes obras; ela necessita de vocês, Meus apóstolos do amor. MEUS filhos, desde o início, a Igreja foi perseguida e traída, mas dia a dia ela crescia. Ela é indestrutível porque MEU FILHO lhe deu um coração – a Eucaristia, e a luz da SUA Ressurreição brilha e continuará a brilhar sobre ela. Portanto, não temam. Rezem pelos seus pastores para que eles possam ter a força e o amor para serem pontes de salvação. Obrigada. ” ( 2015.g. 2. dezembro)

A Igreja progride e cresce graças àqueles que escutam as palavras de Meu Filho, graças àqueles que amam, graças àqueles que padecem e sofrem em silêncio na esperança da Redenção Definitiva. (2016.g. 2. janeiro)

Não basta, porém, pertencer à Igreja Católica para estar salvos: é necessário respeitar a vontade de Deus. Também os não católicos são criaturas feitas à imagem de Deus e destinadas alcançar um dia a salvação se vivem seguindo retamente a voz da própria consciência. A salvação é oferecida a todos, sem exceção. Perdem-se somente aqueles que negam deliberadamente a Deus.

Queridos filhos: Eu os exorto a convidar todos para a oração do rosário. Com o rosário, vencerão todas as dificuldades que Satanás, neste momento, quer colocar no caminho da Igreja Católica.

Obrigada a todos vós que viestes à Igreja para rezar a Jesus, apesar da neve, do gelo e do mau tempo. Continuai assim e sede perseverantes.

Para um sacerdote que tenha abandonado a Igreja, rezai e jejuai. Não o forçais. Deus legou a todos uma vontade livre.”

A gente reza de um modo errado. Se vai na Igreja e nos Santuários para pedir qualquer graça material. Pouquíssimos, pelo contrário, pedem o dom do Espírito Santo. A coisa mais importante para vós é preciso implorar que o Espírito Santo desça, porque, se tendes o dom do Espírito Santo, tendes tudo.”

"Queridos filhos: Hoje Eu desejo convidá-los a trabalhar pela Igreja. Eu amo todos vocês de modo igual e desejo que todos trabalhem, cada um segundo a sua capacidade. Eu sei, queridos filhos, que vocês podem, mas não o fazem porque não percebem que podem fazê-lo. Sejam corajosos e ofereçam pequenos sacrifícios à Igreja e a Jesus, a fim de que ambos fiquem contentes. Obrigada por terem atendido a Meu chamado."

Procurem compreender que a igreja é a casa de Deus, o lugar onde Eu os reúno e onde desejo mostrar para vocês o caminho que conduz a Deus. Venham e rezem! Não fiquem observando os outros e não os critiquem.

Desejo que cada um de vocês se decida a mudar a própria vida e que cada um trabalhe mais na Igreja, não com palavras ou idéias, mas com o exemplo.

A Mãe Igreja os escolheu a fim de que sejam um estímulo para vocês na vida cotidiana.

Através da oração e de seus sacrifícios vocês se tornarão mais abertos ao dom da fé, ao amor pela Igreja e às pessoas que estão ao redor de vocês.

 “Realizai bem os vossos deveres e fazei aquilo que a Igreja vos pede para fazer.”







Catecismo da Igreja Católica

 «A Santa Igreja, nossa Mãe, atesta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido, com certeza, pela luz natural da razão humana, a partir das coisas criadas» (12). Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade porque foi criado «à imagem de Deus» (Gn 1, 27).

Para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores, "entregando-lhes o seu próprio ofício de magistério"» 

Assim, a comunicação que o Pai fez de Si próprio, pelo seu Verbo, no Espírito Santo, continua presente e activa na Igreja: «Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo – por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja, e, pela Igreja, no mundo – introduz os crentes na verdade nplena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda a sua riqueza» 

«A Tradição sagrada e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim» 16. Uma e outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo, que prometeu estar com os seus, «sempre, até ao fim do mundo» (Mt 28, 20).

Daí resulta que a Igreja, a quem está confiada a transmissão e interpretação da Revelação, «não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. 

O depósito da fé (49) («depositum fidei»), contido na Tradição sagrada e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos Apóstolos ao conjunto da Igreja. «Apoiando-se nele, todo o povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fracção do pão e na oração, de tal modo que, na conservação, actuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis» 

«O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo (51), isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma.

«Na sua doutrina, vida e culto, a Igreja perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é, tudo aquilo em que acredita».

Ler a Escritura na «tradição viva de toda a Igreja». Segundo uma sentença dos Padres, «Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta» – «A Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais do que em instrumentos materiais» (87). Com efeito, a Igreja conserva nasua Tradição a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura («... secundum spiritualem sensum quem Spiritus donat Ecclesiae» «segundo o sentido espiritual que o Espírito Santo dá à Igreja») 

A Igreja terrestre é sinal da Jerusalém celeste.

Foi a Tradição Apostólica que levou a Igreja a discernir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados.

«É tão grande a força e a virtude da Palavra de Deus, que ela se torna para a Igreja apoio e vigor e, para os filhos da Igreja, solidez da fé, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual» (111). É necessário que «os fiéis tenham largo acesso à Sagrada Escritura».

«A Igreja sempre venerou as Divinas Escrituras, tal como o próprio Corpo do Senhor» ambos alimentam e regem toda a vida cristã.

A Igreja não cessa de confessar a sua fé num só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.

 A salvação vem só de Deus. Mas porque é através da Igreja que recebemos a vida da fé, a Igreja é nossa Mãe. «Cremos que a Igreja é como que a mãe do nosso novo nascimento, mas não cremos na Igreja como se ela fosse a autora da nossa salvação»(47). É porque é nossa Mãe, é também a educadora da nossa fé.

 A Igreja, que é «coluna e apoio da verdade» (1 Tm 3, 15), guarda fielmente a fé transmitida aos santos de uma vez por todas (49). É ela que guarda a memória das palavras de Cristo. É ela que transmite, de geração em geração, a confissão de fé dos Apóstolos. Tal como uma mãe ensina os seus filhos a falar e, dessa forma, a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, ensina-nos a linguagem da fé, para nos introduzir na inteligência e na vida da fé.

«A mensagem da Igreja é verídica e sólida, porque nela aparece um só e o mesmo caminho de salvação, em todo o mundo».

«Crer» é um acto eclesial. A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé. A Igreja é a Mãe de todos os crentes. «Ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tiver a Igreja por Mãe».

A Igreja confessou que o Filho é «consubstancial» ao Pai (44), quer dizer, um só Deus com Ele.

A Igreja reconhece assim o Pai como «a fonte e a origem de toda a Divindade».

A Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última Páscoa, em que seguirá o Senhor na sua morte e ressurreição

Cristo Senhor reina já pela Igreja, mas ainda não Lhe estão submetidas todas as coisas deste mundo. 

 «A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar todos os homens com a sua luz que resplandece no rosto da Igreja, anunciando o Evangelho a toda a criatura» (120). É com estas palavras que começa a «Constituição Dogmática sobre a Igreja» do II Concilio do Vaticano. Desse modo, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos relativos a Jesus Cristo. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo. Ela é, segundo uma imagem cara aos Padres da Igreja, comparável à lua, cuja luz é toda reflexo da do sol.
O artigo sobre a Igreja depende também inteiramente do artigo sobre o Espírito Santo, que o precede. «Com efeito, depois de ter mostrado que o Espírito Santo é a fonte e o dador de toda a santidade, nós confessamos agora que foi Ele quem dotou de santidade a Igreja» (121). A Igreja é, segundo a expressão dos Padres, o lugar «onde floresce o Espírito» (122).
Crer que a Igreja é «santa» e «católica», e que é «una» e «apostólica» (como acrescenta o Símbolo Niceno-Constantinopolitano), é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No Símbolo dos Apóstolos fazemos profissão de crer a Igreja santa («Credo... Ecclesiam»), e não na Igreja, para não confundir Deus com as suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que Ele próprio pôs na sua Igreja (123).

A palavra «Igreja» («ekklesía», do verbo grego «ek-kalein» = «chamar fora») significa «convocação». Designa as assembleias do povo em geral de carácter religioso. É o termo frequentemente utilizado no Antigo Testamento grego para a assembleia do povo eleito diante de Deus, sobretudo para a assembleia do Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por Deus como seu povo santo (125). Ao chamar-se «Igreja», a primeira comunidade dos que acreditaram em Cristo reconhece-se herdeira dessa assembleia. Nela, Deus «convoca» o seu povo de todos os confins da terra. O termo « Kyriakê», de onde derivaram «church», «Kirche», significa «aquela que pertence ao Senhor».
Na linguagem cristã, a palavra «Igreja» designa a assembleia litúrgica (126), mas também a comunidade local (127) ou toda a comunidade universal dos crentes (128). Estes três significados são, de facto, inseparáveis. «A Igreja» é o povo que Deus reúne no mundo inteiro. Ela existe nas comunidades locais e realiza-se como assembleia litúrgica, sobretudo eucarística. Vive da Palavra e do Corpo de Cristo, e é assim que ela própria se torna Corpo de Cristo.

Na Sagrada Escritura, encontramos grande quantidade de imagens e figuras ligadas entre si, mediante as quais a Revelação fala do mistério inesgotável da Igreja. As imagens tomadas do Antigo Testamento constituem variantes duma ideia de fundo, que é a de «povo de Deus». No Novo Testamento (129), todas estas imagens encontram um novo centro, pelo facto de Cristo Se tomar «a Cabeça» deste povo (130) que é, desde então, o seu corpo. A volta deste centro, agrupam-se imagens «tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer da construção ou também da família e matrimónio» (131).
«Assim a Igreja é o redil, cuja única e necessária porta é Cristo (132). E também o rebanho, do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor (133) e cujas ovelhas, ainda que governadas por pastores humanos, são contudo guiadas e alimentadas sem cessar pelo próprio Cristo, bom Pastor e Príncipe dos pastores (134), o qual deu a vida pelas suas ovelhas (135)» (136) .
«A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus (137). Nesse campo cresce a oliveira antiga, de que os patriarcas foram a raiz santa e na qual se realizou e realizará a reconciliação de judeus e gentios (138). Ela foi plantada pelo celeste Agricultor como uma vinha eleita (139). A verdadeira Videira é Cristo: é Ele que dá vida e fecundidade aos sarmentos, isto é, a nós que, pela Igreja, permanecemos n'Ele, e sem o Qual nada podemos fazer (140)» (141).
«A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (142). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Mt 21, 42 par.: Act 4, 11; 1 Pe 2, 7; Sl 118, 22). Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (143), e dele recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (144), na qual habita a sua família; habitação de Deus no Espírito (145); tabernáculo de Deus com os homens (146); e, sobretudo, templo santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém. Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (147). Esta cidade, S. João contemplou-a "descendo do céu, da presença de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro do esposo" (Ap 21, 1-2)».
«A Igreja é também chamada "Jerusalém do Alto" e "nossa mãe" (Gl 4, 26) (149); é também descrita como a Esposa imaculada do Cordeiro sem mancha (150), a qual Cristo "amou, pela qual Se entregou para a santificar" (Ef 5, 25-26), que uniu a Si por um vínculo indissolúvel, e à qual, sem cessar, "alimenta e presta cuidados" (Ef 5, 29)» (151).

Para perscrutar o mistério da Igreja, é conveniente meditar primeiro sobre a sua origem no desígnio da Santíssima Trindade e sobre a sua progressiva realização na história.

«O eterno Pai, que pelo libérrimo e insondável desígnio da sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu elevar os homens participação da vida divina», para a qual a todos convida em seu Filho: «E, aos que crêem em Cristo, decidiu convocá-los na santa Igreja». Esta «família de Deus» constituiu-se e realizou-se gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai: de facto, a Igreja «prefigurada já desde o princípio do mundo e admiravelmente preparada na história do povo de Israel e na antiga Aliança, foi constituída no fim dos tempos, e manifestada pela efusão do Espírito Santo, e será gloriosamente consumada no fim dos séculos» (152).

«O mundo foi criado em ordem à Igreja», diziam os cristãos dos primeiros tempos (153). Deus criou o mundo em ordem à comunhão na sua vida divina, comunhão que se realiza pela "convocação" dos homens em Cristo, e esta "convocação" é a Igreja. A Igreja é o fim de todas as coisas (154). Até as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, não foram permitidas por Deus senão como ocasião e meio de pôr em acção toda a força do seu braço, toda a medida do amor que queria dar ao mundo: «Assim como a vontade de Deus é um acto e se chama mundo, do mesmo modo a sua intenção é a salvação dos homens e chama-se Igreja» (155).

A reunião do povo de Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão dos homens com Deus e entre si. A reunião da Igreja é, por assim dizer, a reacção de Deus ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se secretamente no seio de todos os povos: «Em qualquer nação, quem O teme e pratica a justiça, é aceite por Ele» (Act 10, 35) (156).762. A preparação remota da reunião do povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus promete que há-de vir a ser o pai de um grande povo (157). A preparação imediata começa com a eleição de Israel como povo de Deus (158). Pela sua eleição, Israel deve ser o sinal da reunião futura de todas as nações (159). Mas já os profetas acusam Israel de ter quebrado a aliança, comportando-se como uma prostituta (160). Eles anunciam uma Aliança nova e eterna (161). «Esta Aliança nova, instituiu-a Cristo» (162).

Pertence ao Filho realizar, na plenitude dos tempos, o plano de salvação do seu Pai; tal é o motivo da sua «missão» (163). «O Senhor Jesus deu início à sua Igreja, pregando a boa-nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras» (164). Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou na terra o Reino dos céus. A Igreja «é o Reino de Cristo já presente em mistério» (165).
«Este Reino manifesta-se aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo» (166), Acolher a palavra de Jesus é «acolher o próprio Reino» (167). O germe e começo do Reino é o «pequeno rebanho» (Lc 12, 32) daqueles que Jesus veio congregar ao seu redor e dos quais Ele próprio é o Pastor (168). Eles constituem a verdadeira família de Jesus (169). Aqueles que assim juntou em redor de si, ensinou uma nova «maneira de agir», mas também uma oração própria (170).
O Senhor Jesus dotou a sua comunidade duma estrutura que permanecerá até ao pleno acabamento do Reino. Temos, antes de mais, a escolha dos Doze, com Pedro como chefe (171). Representando as doze tribos de Israel (172), são as pedras do alicerce da nova Jerusalém (173). Os Doze (174) e os outros discípulos (175) participam da missão de Cristo, do seu poder, mas também da sua sorte (176). Com todos estes actos, Cristo prepara e constrói a sua Igreja.
Mas a Igreja nasceu principalmente do dom total de Cristo pela nossa salvação, antecipado na instituição da Eucaristia e realizado na cruz. «Tal começo e crescimento da Igreja exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado» (177). Porque «foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja» (178). Assim como Eva foi formada do costado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração trespassado de Cristo, morto na cruz (179).

«Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para cumprir na terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para que santificasse continuamente a Igreja» (180). Foi então que «a Igreja foi publicamente manifestada diante duma grande multidão» e «teve o seu início a difusão do Evangelho entre os gentios, por meio da pregação» (181). Porque é «convocação» de todos os homens à salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária, enviada por Cristo a todas as nações, para de todas fazer discípulos (182).
Para que a Igreja possa realizar a sua missão, o Espírito Santo «enriquece-a e guia-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos» (183). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos, e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra» (184).

«A Igreja [...] só na glória celeste alcançará a sua realização acabada» (185), aquando do regresso glorioso de Cristo. Até esse dia, «a Igreja avança na sua peregrinação por entre as perseguições do mundo e das consolações de Deus» (186). Vivendo na terra, ela tem consciência de viver no exílio, longe do Senhor (187) e suspira pelo advento do Reino em plenitude, pela hora em que «espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória» (188). A consumação da Igreja – e através dela, do mundo – na glória, não se fará sem grandes provações. Só então é que «todos os justos, desde Adão, "desde o justo Abel até ao último eleito", se encontrarão reunidos na Igreja universal junto do Pai» (189).

A Igreja está na história, mas, ao mesmo tempo, transcende-a. Só «com os olhos da fé» (190) é que se pode ver na sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de vida divina.

«Cristo, mediador único, constitui e continuamente sustenta sobre a terra, como um todo visível, a sua Igreja santa, comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde em todos a verdade e a graça». A Igreja é, simultaneamente:
– «sociedade dotada de órgãos hierárquicos e corpo místico de Cristo»;
– «agrupamento visível e comunidade espiritual»;
– «Igreja terrestre e Igreja ornada com os bens celestes».
Estas dimensões constituem, em conjunto, «uma única realidade complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino» (191).É próprio da Igreja ser «simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na acção e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina; mas de tal forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a acção à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos» (192).
«Humildade! Sublimidade! Tenda de Cedar e santuário de Deus; habitação terrena e palácio celeste; casa de barro e corte real; corpo mortal e templo de luz; enfim, objecto de desprezo para os orgulhosos e esposa de Cristo! Ela é morena mas bela, ó filhas de Jerusalém; ela que, empalidecida pela fadiga e sofrimento dum longo exílio, tem, no entanto, por ornamento a beleza celeste» (193).

É na Igreja que Cristo realiza e revela o seu próprio mistério, como a meta do desígnio de Deus: «recapitular tudo n'Ele» (Ef 1, 10). São Paulo chama «grande mistério» (Ef 5, 32) à união esponsal de Cristo e da Igreja. Porque está unida a Cristo como a seu esposo (194), a própria Igreja, por seu turno, se torna mistério (195). E é contemplando nela este mistério, que S. Paulo exclama: «Cristo em vós — eis a esperança da glória!» (Cl 1, 27).
Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela «caridade, que não passa jamais» (1 Cor 13, 8), é o fim que comanda tudo quanto nela é meio sacramental, ligado a este mundo que passa (196). «A sua estrutura está completamente ordenada à santidade dos membros de Cristo. E a santidade aprecia-se em função do "grande mistério", em que a esposa responde com a dádiva do seu amor ao dom do Esposo» (197). Nesta santidade que é o mistério da Igreja, Maria precede-nos todos como «a Esposa sem mancha nem ruga» (198). E é por isso que «a dimensão mariana da Igreja precede a sua dimensão petrina» (199).

A palavra grega mysterion foi traduzida em latim por dois termos: mysterium e sacramentum. Na segunda interpretação, o termo sacramentum exprime prevalentemente o sinal visível da realidade oculta da salvação, indicada pelo termo mysterium. Neste sentido, o próprio Cristo é o mistério da salvação: «Nem há outro mistério senão Cristo (200). A obra salvífica da sua humanidade santa e santificadora é o sacramento da salvação, que se manifesta e actua nos sacramentos da Igreja (que as Igrejas do Oriente chamam também «os santos mistérios»). Os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo derrama a graça de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja que é o seu Corpo. A Igreja possui, pois, e comunica a graça invisível que significa: e é neste sentido analógico que é chamada «sacramento».
«A Igreja em Cristo é como que o sacramento ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano» (201). Ser sacramento da união íntima do homem com Deus, eis a primeira finalidade da Igreja. E porque a comunhão dos homens entre si radica na união com Deus, a Igreja é, também, o sacramento da unidade do género humano. Nela, esta unidade já começou, pois reúne homens «de toda a nação, raça, povo e língua» (Ap 7, 9). A Igreja é, ao mesmo tempo, «sinal e instrumento» da plena realização desta unidade, que ainda há-de vir.
Como sacramento, a Igreja é instrumento de Cristo. «É assumida por Ele como instrumento da redenção universal»(202), «o sacramento universal da salvação»(203), pelo qual o mesmo Cristo «manifesta e simultaneamente actualiza o mistério do amor de Deus pelos homens»(204). É o «projecto visível do amor de Deus para com a humanidade»(205), segundo o qual Deus quer «que todo o género humano forme um só povo de Deus, se una num só Corpo de Cristo e se edifique num só templo do Espírito Santo»(206).

A palavra «Igreja» significa «convocação». Designa a assembleia daqueles que a Palavra de Deus convoca para formar o seu povo, e que, alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam, eles próprios, Corpo de Cristo.
A Igreja é, ao mesmo tempo, caminho e meta do desígnio de Deus: prefigurada na criação, preparada na antiga Aliança, fundada pelas palavras e actos de Jesus Cristo, realizada pela sua Cruz redentora e pela sua ressurreição, manifesta-se como mistério de salvação pela efusão do Espírito Santo. Será consumada na glória do céu como assembleia de todos os resgatados da terra (207).
A Igreja é, ao mesmo tempo, visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. É una, mas formada por um duplo elemento: humano e divino. Aí reside o seu mistério, que só a fé pode acolher.
A Igreja é, neste mundo, o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de Deus e dos homens.

«Em todos os tempos e em todas as nações foi agradável a Deus aquele que O teme e pratica a justiça. No entanto, aprouve a Deus salvar e santificar os homens não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse na santidade. Foi por isso que escolheu Israel para ser o seu povo, estabeleceu com ele uma aliança e instruiu-o progressivamente manifestando-se a Si mesmo e os desígnios da Sua vontade na história desse povo, e santificando-o para Si. Mas tudo isso aconteceu como preparação da Aliança nova e perfeita, que seria concluída em Cristo [...]. Esta nova Aliança instituiu-a Cristo no seu Sangue, chamando um povo, proveniente de judeus e pagãos, a juntar-se na unidade, não segundo a carne, mas no Espírito» (208).

O povo de Deus possui características que o distinguem nitidamente de todos os agrupamentos religiosos, étnicos, políticos ou culturais da história:
– é o povo de Deus: Deus não é propriedade de nenhum povo; mas adquiriu para Si um povo constituído por aqueles que outrora não eram um povo: «raça eleita, sacerdócio real, nação santa» (1 Pe 2, 9);
– vem-se a ser membro deste povo, não pelo nascimento físico, mas pelo «nascimento do Alto», «da água e do Espírito» (Jo 3, 3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Baptismo;
– este povo tem por Cabeça Jesus Cristo (o Ungido, o Messias): porque a mesma unção, o Espírito Santo, flui da Cabeça por todo o Corpo, este é o «povo messiânico»;
– «a condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos seus corações, como num templo, reside o Espírito Santo» (209);
– «a sua lei é o mandamento novo, de amar como o próprio Cristo nos amou (210)»; é a lei «nova» do Espírito Santo (211);
– a sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo (212). «Constitui para todo o género humano o mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação» (213);
– o seu destino, finalmente, é «o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve dilatar cada vez mais, até ser também por Ele consumado no fim dos séculos» (214).

Jesus Cristo é Aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e constituiu «sacerdote, profeta e rei». Todo o povo de Deus participa destas três funções de Cristo, com as responsabilidades de missão e de serviço que delas resultam (215).
Ao entrar no povo de Deus pela fé e pelo Baptismo, participa-se na vocação única deste povo: na sua vocação sacerdotal – «Cristo Senhor, sumo-sacerdote escolhido de entre os homens, fez do povo novo «um reino de sacerdotes para o seu Deus e Pai». Na verdade, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, os baptizados são consagrados para serem uma casa espiritual, um sacerdócio santo (216).
«O povo santo de Deus participa também da função profética de Cristo», sobretudo pelo sentido sobrenatural da fé, que é o de todo o povo, leigos e hierarquia, quando «adere indefectivelmente à fé transmitida aos santos de uma vez por todas» (217),aprofunda o conhecimento da mesma, e se torna testemunha de Cristo no meio deste mundo.
 Finalmente, o povo de Deus participa na função real de Cristo. Cristo exerce a sua realeza atraindo a Si todos os homens pela sua morte e ressurreição (218). Cristo, Rei e Senhor do universo, fez-Se o servo de todos, pois «não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate pela multidão» (Mt 20, 28). Para o cristão, «reinar é servi-Lo» (219), em especial «nos pobres e nos que sofrem, nos quais a Igreja reconhece a imagem do seu Fundador pobre e sofredor (220). O povo de Deus realiza a sua «dignidade real» na medida em que viver de acordo com esta vocação de servir com Cristo.
«De todos os regenerados em Cristo, o sinal da cruz faz reis, a unção do Espírito Santo consagra sacerdotes, para que, independentemente do serviço particular do nosso ministério, todos os cristãos espirituais no uso da razão se reconheçam membros desta estirpe real e participantes da função sacerdotal. De facto, que há de tão real para uma alma como governar o seu corpo na submissão a Deus? E que há de tão sacerdotal como oferecer ao Senhor uma consciência pura, imolando no altar do seu coração as vítimas sem mancha da piedade?» (221).

Desde o princípio, Jesus associou os discípulos à sua vida (222). Revelou-lhes o mistério do Reino (223): deu-lhes parte na sua missão, na sua alegria (224) e nos seus sofrimentos (225). Jesus fala duma comunhão ainda mais íntima entre Ele e os que O seguem: «Permanecei em Mim, como Eu em vós [...]. Eu sou a cepa, vós os ramos» (Jo 15, 4-5). E anuncia uma comunhão misteriosa e real entre o seu próprio Corpo e o nosso: «Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele» (Jo 6, 56).
Quando a sua presença visível lhes foi tirada, Jesus não deixou órfãos os discípulos (226). Prometeu-lhes ficar com eles até ao fim dos tempos (227), e enviou-lhes o seu Espírito (228). A comunhão com Jesus tornou-se, de certo modo, mais intensa: «Comunicando o seu Espírito aos seus irmãos, por Ele reunidos de todas as nações, constituiu-os seu Corpo Místico» (229).
A comparação da Igreja com um corpo lança uma luz particular sobre a ligação íntima existente entre a Igreja e Cristo. Ela não está somente reunida à volta d'Ele: está unificadan'Ele, no seu Corpo. Na Igreja, Corpo de Cristo, são de salientar mais especificamente três aspectos: a unidade de todos os membros entre si, pela união a Cristo; Cristo, Cabeça do Corpo; a Igreja, Esposa de Cristo.

Os crentes que respondem à Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo, ficam estreitamente unidos a Cristo: «Neste Corpo, a vida de Cristo difunde-se nos crentes, unidos pelos sacramentos, dum modo misterioso e real, a Cristo sofredor e glorificado» (230), Isto verifica-se particularmente no Baptismo, que nos une à morte e ressurreição de Cristo (231), e na Eucaristia, pela qual, «participando realmente no Corpo de Cristo», somos elevados à comunhão com Ele e entre nós (232).
Mas a unidade do Corpo não anula a diversidade dos membros: «Na edificação do Corpo de Cristo existe diversidade de membros e funções. É o mesmo Espírito que distribui os seus vários dons, segundo a sua riqueza e as necessidades dos ministérios para utilidade da Igreja» (233). A unidade do Corpo Místico produz e estimula a caridade entre os fiéis: «Daí que, se algum membro padece, todos os membros sofrem juntamente; e se algum membro recebe honras, todos se alegram» (234). Em suma, a unidade do Corpo Místico triunfa sobre todas as divisões humanas: «Todos vós que fostes baptizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo. Não há judeu nem grego, nãohá escravo nem livre, não há homem nem mulher; porque todos vós sois um só, em Cristo Jesus» (Gl 3, 27-28).

Cristo «é a Cabeça do Corpo que é a Igreja» (Cl 1, 18). Ele é o Princípio da criação e da Redenção. Elevado à glória do Pai, «tem em tudo a primazia» (Cl 1, 18), principalmente sobre a Igreja, por meio da qual estende o seu reinado sobre tudo quanto existe.
Une-nos à sua Páscoa: todos os membros se devem esforçar por se parecerem com Ele, «até que Cristo Se forme neles» (Gl 4, 19). «É para isso que nós somos introduzidos nos mistérios da sua vida [...], associados aos seus sofrimentos como o corpo à cabeça, unidos à sua paixão para ser unidos à sua glória» (235).
Provê ao nosso crescimento (236): a fim de crescermos em tudo para Aquele que é a Cabeça (237), Cristo distribui no seu Corpo, a Igreja, os dons e os serviços pelos quais mutuamente nos ajudamos no caminho da salvação.
Cristo e a Igreja são, pois, o «Cristo total» (Christus totus). A Igreja é una com Cristo. Os santos têm desta unidade uma consciência muito viva: «Congratulemo-nos, pois, e dêmos graças pelo facto de nos termos tornado não apenas cristãos, mas o próprio Cristo. Estais a compreender, irmãos, a graça que Deus nos fez, dando-nos Cristo por Cabeça? Admirai e alegrai-vos: nós tornámo-nos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça e nós os membros, o homem completo é Ele e nós [...]. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. Que quer dizer: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja» (238). «Redemptor noster unam se personam cum sanctam Ecelesiam, quam assumpsit, exhibuit – O nosso Redentor apresentou-Se a Si próprio como uma única pessoa unida à santa Igreja, que Ele assumiu» (239). «Caput et membra, quasi una persona mystica – Cabeça e membros são, por assim dizer, uma só e mesma pessoa mística» (240).
Uma palavra de Santa Joana d'Arc aos seus juízes resume a fé dos santos Doutores e exprime o bom-senso do crente: «De Jesus Cristo e da Igreja eu penso que são um só, e não há que levantar dificuldades a esse respeito» (241).

A unidade de Cristo e da Igreja, Cabeça e membros do Corpo, implica também a distinção entre ambos, numa relação pessoal. Este aspecto é, muitas vezes, expresso pela imagem do esposo e da esposa. O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado pelos profetas e anunciado por João Baptista (242). O próprio Senhor Se designou como «o Esposo» (Mc 2, 19) (243). E o Apóstolo apresenta a Igreja e cada fiel, membro do seu Corpo, como uma esposa «desposada» com Cristo Senhor, para formar com Ele um só Espírito (244). Ela é a Esposa imaculada do Cordeiro imaculado (245) que Cristo amou, pela qual Se entregou «para a santificar» (Ef 5, 26), que associou a Si por uma aliança eterna, e à qual não cessa de prestar cuidados como ao Seu próprio Corpo (246). «Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só, formado de muitos [...]. Quer seja a Cabeça que fale, quer sejam os membros, é Cristo que fala: fala desempenhando o papel de Cabeça (ex persona capitis), ou, então, desempenhando o papel do Corpo (ex persona corporis). Conforme ao que está escrito: «Serão os dois uma só carne. É esse um grande mistério; digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef5, 31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: «Já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6). Como vedes, temos, de algum modo, duas pessoas diferentes; no entanto, tornam-se uma só na união esponsal [...] «Diz-se "Esposo" enquanto Cabeça e "esposa" enquanto Corpo» (247).

«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de Cristo, para o Corpo de Cristo, que é a Igreja»(248). «É ao Espírito de Cristo, como a um princípio oculto, que se deve atribuir o facto de todas as partes do Corpo estarem unidas, tanto entre si como com a Cabeça suprema, pois Ele está todo na Cabeça, todo no Corpo, todo em cada um dos seus membros» (249). É o Espírito Santo que faz da Igreja «o templo do Deus vivo» (2 Cor 6, 16) (250): «De facto, foi à própria Igreja que o dom de Deus foi confiado [...]. Nela foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, arras da incorruptibilidade, confirmação da nossa fé e escada da nossa ascensão para Deus [...]. Porque onde está a Igreja, aí está também o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda a graça» (251).
O Espírito Santo é «o princípio de toda a acção vital e verdadeiramente salvífica em cada uma das diversas partes do Corpo» (252), Ele realiza, de múltiplas maneiras, a edificação de todo o Corpo na caridade (253): pela Palavra de Deus, «que tem o poder de construir o edifício» (Act 20, 32); mediante o Baptismo, pelo qual forma o Corpo de Cristo (254); pelos sacramentos, que fazem crescer e curam os membros de Cristo; pela «graça dada aos Apóstolos que ocupa o primeiro lugar entre os seus dons» (255); pelas virtudes que fazem agir segundo o bem; enfim, pelas múltiplas graças especiais (chamadas «carismas») pelos quais Ele torna os fiéis «aptos e disponíveis para assumir os diferentes cargos e ofícios proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja» (256).

Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, directa ou indirectamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo. 
Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe,mas também por todos os membros da Igreja. De facto, eles são uma maravilhosa riqueza de graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo; desde que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas (257).
Nesse sentido será sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa a referência e a submissão aos pastores da Igreja. «A eles compete, de modo especial, não extinguir o Espírito, mas tudo examinar para reter o que é bom» (258), de modo que todos os carismas, na sua diversidade e complementaridade, cooperem para o «bem comum» (1 Cor 12, 7) (259).

Jesus Cristo «entregou-Se por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade e de purificar e constituir um povo de sua exclusiva posse» (Tt 2, 14).
«Vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Pe 2, 9).
Entra-se no povo de Deus pela fé e pelo Baptismo. «Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus» (260), para que, em Cristo, «os homens constituam uma só família e um único povo de Deus» (261).
A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito e pela sua acção nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui como seu Corpo a comunidade dos crentes.
Na unidade deste Corpo, existe diversidade de membros e de funções. Mas todos os membros estão unidos uns aos outros, particularmente àqueles que sofrem, aos pobres e aos perseguidos.
A Igreja é este Corpo, cuja Cabeça é Cristo: ela vive d'Ele, n'Ele e para Ele; e Ele vive com ela e nela.
A Igreja é a Esposa de Cristo: Ele amou-a e entregou-Se por ela. Purificou-a pelo seu sangue. Fez dela a mãe fecunda de todos os filhos de Deus.
A Igreja é o Templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas.
«A Igreja universal aparece, assim, como "um povo que vai buscar a sua unidade à unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo"» (262).

«Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica» (263). Estes quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si (264) indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades.
Só a fé pode reconhecer que a Igreja recebe estas propriedades da sua fonte divina. Mas as manifestações históricas das mesmas são sinais que também falam claro à razão humana. «A Igreja, lembra o I Concílio do Vaticano, em razão da sua santidade, da sua unidade católica, da sua invicta constância, é, por si mesma, um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova incontestável da sua missão divina» (265).

A Igreja é una, graças à sua fonte: «O supremo modelo e princípio deste mistério é a unidade na Trindade das pessoas, dum só Deus, Pai e Filho no Espírito Santo» (267). AIgreja é una graças ao seu fundador: «O próprio Filho encarnado [...] reconciliou todos os homens com Deus pela sua Cruz, restabelecendo a unidade de todos num só povo e num só Corpo» (268). A Igreja é una graças à sua «alma»: «O Espírito Santo que habita nos crentes e que enche e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e une-os todos tão intimamente em Cristo que é o princípio da unidade da Igreja» (269). Pertence, pois, à própria essência da Igreja que ela seja una: «Que admirável mistério! Há um só Pai do universo, um só Logos do universo e também um só Espírito Santo, idêntico em toda a parte; e há também uma só mãe Virgem, à qual me apraz chamar Igreja» (270).
Desde a origem, no entanto, esta Igreja apresenta-se com uma grande diversidade, proveniente ao mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem. Na unidade do povo de Deus, juntam-se as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma diversidade de dons, de cargos, de condições e de modos de vida. «No seio da comunhão da Igreja existem legitimamente Igrejas particulares, que gozam das suas tradições próprias» (271). A grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. No entanto, o pecado e o peso das suas consequências ameaçam constantemente o dom da unidade. Também o Apóstolo se viu na necessidade de exortar a que se guardasse «a unidade do Espírito pelo vínculo da paz» (Ef 4, 3).
Quais são os vínculos da unidade? «Acima de tudo, a caridade, que é o vínculo da perfeição» (Cl 3, 14). Mas a unidade da Igreja peregrina é assegurada também por laços visíveis de comunhão:
– a profissão duma só fé, recebida dos Apóstolos;
– a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos;
– a sucessão apostólica pelo sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus (272).
«A única Igreja de Cristo [...] é aquela que o nosso Salvador, depois da ressurreição, entregou a Pedro, com o encargo de a apascentar, confiando também a ele e aos outros apóstolos a sua difusão e governo [...]. Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste (subsistit in) na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele» (273).
O decreto do II Concílio do Vaticano sobre o Ecumenismo explicita: «Com efeito, só pela Igreja Católica de Cristo, que é "meio geral de salvação", é que se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação. Na verdade, foi apenas ao colégio apostólico, de que Pedro é o chefe, que, segundo a nossa fé, o Senhor confiou todas as riquezas da nova Aliança, a fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que sejam plenamente incorporados todos os que, de certo modo, pertencem já ao povo de Deus» (274).
De facto, «nesta Igreja de Deus una e única, já desde os primórdios surgiram algumas cisões, que o Apóstolo censura asperamente como condenáveis. Nos séculos posteriores, porém, surgiram dissensões mais amplas. Importantes comunidades separaram-se da plena comunhão da Igreja Católica, às vezes por culpa dos homens duma e doutra parte» (275). As rupturas que ferem a unidade do Corpo de Cristo (a saber: a heresia, a apostasia e o cisma) (276) devem-se aos pecados dos homens: «Ubi peccata, ibi est multitudo, ibi schismata, ibi haereses, ibi discussiones. Ubi autem virtus, ibi singularitas, ibi unio, ex quo omnium credentium erat cor unum et anima una — Onde há pecados, aí se encontra a multiplicidade, o cisma, a heresia, o conflito. Mas onde há virtude, aí se encontra a unicidade e aquela união que faz com que todos os crentes tenham um só coração e uma só alma» (277).
Os que hoje nascem em comunidades provenientes de tais rupturas, «e que vivem a fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da divisão. A Igreja Católica abraça-os com respeito e caridade fraterna [...]. Justificados pela fé recebida no Baptismo, incorporados em Cristo, é a justo título que se honram com o nome de cristãos e os filhos da Igreja Católica reconhecem-nos legitimamente como irmãos no Senhor» (278).
Além disso, existem fora das fronteiras visíveis da Igreja Católica, «muitos elementos de santificação e de verdade» (279): «a Palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade, outros dons interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis» (280). O Espírito de Cristo serve-Se destas Igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação, cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica. Todos estes bens provêm de Cristo e a Ele conduzem (281) e por si mesmos reclamam «a unidade católica» (282).

A unidade, «Cristo a concedeu à sua Igreja desde o princípio. Nós cremos que ela subsiste, sem possibilidade de ser perdida, na Igreja Católica, e esperamos que cresça de dia para dia até à consumação dos séculos» (283). Cristo dá sempre à sua Igreja o dom da unidade. Mas a Igreja deve orar e trabalhar constantemente para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela. Foi por esta intenção que Jesus orou na hora da sua paixão e não cessa de orar ao Pai pela unidade dos seus discípulos: «...Que todos sejam um. Como Tu, ó Pai, és um em Mim e Eu em Ti, assim também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste» (Jo 17, 21). O desejo de recuperar a unidade de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito Santo (284).
Para lhe corresponder de modo adequado, exige-se:
– uma renovação permanente da Igreja, numa maior fidelidade à sua vocação. Essa renovação é a força do movimento a favor da unidade (285);
– a conversão do coração, «com o fim levar uma vida mais pura segundo o Evangelho» (286), pois o que causa as divisões é a infidelidade dos membros ao dom de Cristo;
– a oração em comum, porque «a conversão do coração e a santidade de vida. unidas às orações, públicas e privadas, pela unidade dos cristãos, devem ser tidas como a alma de todo o movimento ecuménico, e com razão podem chamar-se ecumenismo espiritual» (287);
– o mútuo conhecimento fraterno (288);
– a formação ecuménica dos fiéis, e especialmente dos sacerdotes (289);
– o diálogo entre os teólogos, e os encontros entre os cristãos das diferentes Igrejas e comunidades (290);
– a colaboração entre cristãos nos diversos domínios do serviço dos homens »(291).822. A preocupação com realizar a união «diz respeito a toda a Igreja, fiéis e pastores» (292). Mas também se deve «ter consciência de que este projecto sagrado da reconciliação de todos os cristãos na unidade duma só e única Igreja de Cristo, ultrapassa as forças e capacidades humanas». Por isso, pomos toda a nossa esperança «na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai para connosco e no poder do Espírito Santo» 

«A Igreja é [...], aos olhos da fé, indefectivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é proclamado «o único Santo», com o Pai e o Espírito, amou a Igreja como sua esposa, entregou-Se por ela para a santificar, uniu-a a Si como seu Corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo para glória de Deus» (294). A Igreja é, pois, «o povo santo de Deus» (295), e os seus membros são chamados «santos» (296).
A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele. Por Ele e n'Ele toma-se também santificante. «Todas as obras da Igreja tendem, como seu fim, (297) para a santificação dos homens em Cristo e para a glorificação de Deus». É na Igreja que se encontra «a plenitude dos meios de salvação» (298). É nela que «nós adquirimos a santidade pela graça de Deus» (299).
«Na terra, a Igreja está revestida duma verdadeira, ainda que imperfeita, santidade» (300). Nos seus membros, a santidade perfeita é ainda algo a adquirir: «Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um pelo seu caminho» (301)
A caridade é a alma da santidade à qual todos são chamados: «É ela que dirige todos os meios de santificação, lhes dá alma e os conduz ao seu fim»(302): «Compreendi que, se a Igreja tinha um corpo composto de diferentes membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe faltava: compreendi que a igreja tinha um coração, e que esse coração estava ardendo de amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja; que se o Amor se apagasse, os apóstolos já não anunciariam o Evangelho, os mártires recusar-se-iam a derramar o seu sangue... Compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que o Amor é tudo, que abarca todos os tempos e lugares ... numa palavra, que ele é Eterno» (303).
«Enquanto que Cristo, santo e inocente, sem mancha, não conheceu o pecado, mas veio somente expiar os pecados do povo, a Igreja, que no seu próprio seio encerra pecadores, é simultaneamente santa e chamada a purificar-se, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e renovação» (304). Todos os membros da Igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores (305). Em todos eles, o joio do pecado encontra-se ainda misturado com a boa semente do Evangelho até ao fim dos tempos (306). A Igreja reúne, pois, em si, pecadores abrangidos pela salvação de Cristo, mas ainda a caminho da santificação: A Igreja «é santa, não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo» (307).
Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está nela, e ampara a esperança dos fiéis, propondo-lhes os santos como modelos e intercessores (308). «Os santos e santas foram sempre fonte e origem de renovação nos momentos mais difíceis da história da Igreja (309)». «A santidade é a fonte secreta e o padrão infalível da sua actividade apostólica e do seu dinamismo missionário» (310).
«Na pessoa da Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição, sem mancha nem ruga, que lhe é própria. Mas os fiéis de Cristo têm ainda de trabalhar para crescer em santidade, vencendo o pecado. Por isso, levantam os olhos para Maria»(311): nela, a Igreja é já plenamente santa.

A palavra «católico» significa «universal» no sentido de «segundo a totalidade» ou «segundo a integridade». A Igreja é católica num duplo sentido: É católica porque Cristo está presente nela: «onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja Católica» (312). Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça (313), o que implica que ela receba d'Ele a «plenitude dos meios de salvação» (314) que Ele quis: confissão de fé recta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes (315) e sê-lo-á sempre até ao dia da Parusia.
É católica, porque Cristo a enviou em missão à universalidade do género humano (316): «Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus. Por isso, permanecendo uno e único, este povo está destinado a estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou a natureza humana na unidade e decidiu enfim reunir na unidade os seus filhos dispersos [...]. Este carácter de universalidade que adorna o povo de Deus é dom do próprio Senhor. Graças a tal dom, a Igreja Católica tende a recapitular, eficaz e perpetuamente, a humanidade inteira, com todos os bens que ela contém, sob Cristo Cabeça, na unidade do Seu Espírito (317).

«A Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis que, unidas aos seus pastores, recebem, também elas, no Novo Testamento, o nome de Igrejas [...]. Nelas, os fiéis são reunidos pela pregação do Evangelho de Cristo e é celebrado o mistério da Ceia do Senhor [...]. Nestas comunidades, ainda que muitas vezes pequenas e pobres ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se constitui a Igreja una, santa, católica e apostólica» (318).
Entende-se por Igreja particular, que é em primeiro lugar a diocese (ou «eparquia»), uma comunidade de fiéis cristãos em comunhão de fé e de sacramentos com o seu bispo, ordenado na sucessão apostólica (319). Estas Igrejas particulares «são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas que existe a Igreja Católica una e única» (320).
As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma de entre elas: a Igreja Romana, «que preside à caridade» (321). «Com esta Igreja, mais excelente por causa da sua origem, deve necessariamente estar de acordo toda a Igreja, isto é, os fiéis de toda a parte» (322). «Desde que o Verbo Encarnado desceu até nós, todas as Igrejas cristãs de todo o mundo tiveram e têm a grande Igreja que vive aqui (em Roma)como única base e fundamento, porque, segundo as próprias promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela» (323).

«A Igreja universal não deve ser entendida como simples somatório ou, por assim dizer, federação de Igrejas particulares [...]. Mas é antes a Igreja, universal por vocação e missão, que lançando raiz numa variedade de terrenos culturais, sociais e humanos, toma em cada parte do mundo aspectos e formas de expressão diversos» (324). A rica variedade de normas disciplinares, ritos litúrgicos, patrimónios teológicos e espirituais, próprios das Igrejas locais, «mostra da forma mais evidente, pela sua convergência na unidade, a catolicidade da Igreja indivisa» (325).

«Todos os homens são chamados [...] à unidade católica do povo de Deus; de vários modos a ela pertencem, ou para ela estão ordenados, tanto os fiéis católicos como os outros que também acreditam em Cristo e, finalmente, todos os homens sem excepção, que a graça de Deus chama à salvação» (326):
«Estão plenamente incorporados na sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, aceitam toda a sua organização e todos os meios de salvação nela instituídos, e que, além disso, pelos laços da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão, estão unidos no todo visível da Igreja, com Cristo que a dirige por meio do Sumo Pontífice e dos bispos. Mas a incorporação não garante a salvação àquele que, por não perseverar na caridade, está no seio da Igreja «de corpo» mas não «de coração» (327).
«Com aqueles que, tendo sido baptizados, têm o belo nome de cristãos, embora não professem integralmente a fé ou não guardem a unidade de comunhão com o sucessor de Pedro, a Igreja sabe-se unida por múltiplas razões» (328). «Aqueles que crêem em Cristo e receberam validamente o Baptismo encontram-se numa certa comunhão, embora imperfeita, com a Igreja Católica» (329). Quanto às Igrejas Ortodoxas, esta comunhão é tão profunda «que bem pouco lhes falta para atingir a plenitude, que permita uma celebração comum da Eucaristia do Senhor» (330).

 «Aqueles que ainda não receberam o Evangelho estão também, de uma de ou outra forma, ordenados ao povo de Deus» (331): A relação da Igreja com o Povo Judaico. A Igreja, povo de Deus na nova Aliança, ao perscrutar o seu próprio mistério, descobre o laço que a une ao povo judaico (332), «a quem Deus falou primeiro» (333). Ao invés das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já uma resposta à revelação de Deus na antiga Aliança. É ao povo judaico que «pertencem a adopção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas [...] e os patriarcas; desse povo Cristo nasceu segundo a carne» (Rm 9, 4-5); porque «os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (Rm 11, 29).
Aliás, quando se considera o futuro, o povo de Deus da Antiga Aliança e o novo povo de Deus tendem para fins análogos: a esperança da vinda (ou do regresso) do Messias. Mas a esperança é, dum lado, a do regresso do Messias, morto e ressuscitado, reconhecido como Senhor e Filho de Deus: do outro, a da vinda no fim dos tempos do Messias, cujos traços permanecem velados – expectativa acompanhada pelo drama da ignorância ou do falso conhecimento de Cristo Jesus.
Relações da Igreja com os muçulmanos. «O desígnio de salvação envolve igualmente os que reconhecem o Criador, entre os quais, em primeiro lugar, os muçulmanos que declarando guardar a fé de Abraão, connosco adoram o Deus único e misericordioso que há-de julgar os homens no último dia».
A ligação da Igreja com as religiões não cristãs é, antes de mais, a da origem e do fim comuns do género humano: «De facto, todos os povos formam uma única comunidade; têm uma origem única, pois Deus fez que toda a raça humana habitasse à superfície da terra; têm também um único fim último, Deus, cuja providência, testemunhos de bondade e desígnio de salvação se estendem a todos, até que os eleitos sejam reunidos na cidade santa» (335).
A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, «ainda nas sombras e sob imagens», do Deus desconhecido mas próximo, pois é Ele quem a todos dá vida, respiração e todas as coisas e quer que todos os homens se salvem. Assim, a Igreja considera tudo quanto nas outras religiões pode encontrar-se de bom e verdadeiro, «como uma preparação evangélica e um dom d'Aquele que ilumina todo o homem, para que, finalmente, tenha a vida» (336).
Mas no seu comportamento religioso, os homens revelam também limites e erros que desfiguram neles a imagem de Deus: «Muitas vezes, enganados pelo Maligno, transviaram-se nos seus raciocínios, trocando a verdade de Deus pela mentira. Preferindo o serviço da criatura ao do Criador, ou vivendo e morrendo sem Deus neste mundo, expuseram-se ao desespero final» (337).
Foi para reunir de novo todos os seus filhos, desorientados e dispersos pelo pecado, que o Pai quis reunir toda a humanidade na Igreja do seu Filho. A Igreja é o lugar onde a humanidade deve reencontrar a sua unidade e a salvação. Ela é «o mundo reconciliado» (338); é a nau que «navega segura neste mundo, ao sopro do Espírito Santo, sob a vela panda da Cruz do Senhor» (339). Segundo uma outra imagem, querida aos Padres da Igreja, ela é figurada pela arca de Noé, a única que salva do dilúvio.

Como deve entender-se esta afirmação, tantas vezes repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo: O santo Concílio «ensina, apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, que esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação. De facto, só Cristo é mediador e caminho de salvação. Ora, Ele torna-Se-nos presente no seu Corpo, que é a Igreja. Ao afirmar-nos expressamente a necessidade da fé e do Baptismo, Cristo confirma-nos, ao mesmo tempo, a necessidade da própria Igreja, na qual os homens entram pela porta do Baptismo. É por isso que não se podem salvar aqueles que, não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária, se recusam a entrar nela ou a nela perseverar» (341).
Esta afirmação não visa aqueles que, sem culpa da sua parte, ignoram Cristo e a sua igreja:
«Com efeito, também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita» (342).
«Muito embora Deus possa, por caminhos só d'Ele conhecidos, trazer à fé, «sem a qual é impossível agradar a Deus» (343), homens que, sem culpa sua, ignoram o Evangelho, a Igreja tem o dever e, ao mesmo tempo, o direito sagrado, de evangelizar» (344) todos os homens.

O mandato missionário. «Enviada por Deus às nações, para ser o sacramento universal da salvação, a Igreja, em virtude das exigências íntimas da sua própria catolicidade e em obediência ao mandamento do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens» (345). «Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28, 19-20).
A origem e o fim da missão. O mandato missionário do Senhor tem a sua fonte primeira no amor eterno da Santíssima Trindade: «Por sua natureza, a Igreja peregrina é missionária, visto ter a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo» (346). E o fim último da missão consiste em fazer todos os homens participantes na comunhão existente entre o Pai e o Filho, no 
Espírito de amor (347).
O motivo da missão. É ao amor de Deus por todos os homens que, desde sempre, a Igreja vai buscar a obrigação e o vigor do seu ardor missionário: «Porque o amor de Cristo nos impele...» (2 Cor 5, 14) (348). Com efeito, «Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2, 4). Deus quer a salvação de todos, mediante o conhecimento da verdade. A salvação está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito da verdade estão já no caminho da salvação. Mas a Igreja, à qual a mesma verdade foi confiada, deve ir ao encontro dos que a procuram para lha levar. É por acreditar no desígnio universal da salvação que a Igreja deve ser missionária. 
Os caminhos da missão. «O protagonista de toda a missão eclesial é o Espírito Santo» (349). É Ele que conduz a Igreja pelos caminhos da missão. E esta «continua e prolonga, no decorrer da história, a missão do próprio Cristo, que foi enviado para anunciar a Boa-Nova aos pobres. É, portanto, pelo mesmo caminho seguido por Cristo que, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja deve seguir, ou seja, pelo caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si mesma até à morte
– morte da qual Ele saiu vitorioso pela ressurreição» (350). É assim que «o sangue dos mártires se torna semente de cristãos» (351).
Porém, no seu peregrinar, a Igreja também faz a experiência da «distância que separa a mensagem de que é portadora, da fraqueza humana daqueles a quem este Evangelho é confiado» (352). Só avançando pelo caminho «da penitência e da renovação» (353) e entrando «pela porta estreita da Cruz» (354) é que o povo de Deus pode expandir o Reino de Cristo (355). Com efeito, «assim como foi na pobreza e na perseguição que Cristo realizou a redenção, assim também a Igreja é chamada a seguir pelo mesmo caminho, para comunicar aos homens os frutos da salvação» (356).
Pela sua própria missão, «a Igreja faz a caminhada de toda a humanidade e partilha a sorte terrena do mundo. Ela é como que o fermento e, por assim dizer, a alma da sociedade humana, chamada a ser renovada em Cristo e transformada em família de Deus» (357). O esforço missionário exige, portanto, paciência. Começa pelo anúncio do Evangelho aos povos e grupos que ainda não acreditam em Cristo (358); prossegue no estabelecimento de comunidades cristãs, que sejam «sinais da presença de Deus no mundo» (359) e na fundação de Igrejas locais (360); compromete-se num processo de inculturação, para incarnar o Evangelho nas culturas dos povos (361); e também não deixará de conhecer alguns fracassos. «Pelo que diz respeito aos homens, aos grupos humanos e aos povos, a Igreja só a pouco e pouco os atinge e penetra, assim os assumindo na plenitude católica» (362).
A missão da Igreja requer um esforço em ordem à unidade dos cristãos (363). «De facto, as divisões entre cristãos impedem a Igreja de realizar a plenitude da catolicidade que lhe é própria, naqueles seus filhos que, sem dúvida, lhe pertencem pelo Baptismo, mas que se encontram separados da plenitude da comunhão com ela. Mais ainda: para a própria Igreja, torna-se mais difícil exprimir, sob todos os seus aspectos, a plenitude da catolicidade na própria realidade da sua vida» (364).
A tarefa missionária implica um diálogo respeitoso com aqueles que ainda não aceitam o Evangelho (365). Os crentes podem tirar proveito para si mesmos deste diálogo, aprendendo a conhecer melhor «tudo quanto de verdade e graça se encontrava já entre os povos, como que por uma secreta presença de Deus» (366). Se anunciam a Boa-Nova aos que a ignoram, é para consolidar, completar e elevar a verdade e o bem que Deus espalhou entre os homens e os povos, e para os purificar do erro e do mal, «para glória de Deus, confusão do demónio e felicidade do homem»(367).

A Igreja é apostólica, porque está fundada sobre os Apóstolos. E isso em três sentidos:
– foi e continua a ser construída sobre o «alicerce dos Apóstolos» (Ef 2, 20 (368)), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo (369);
– guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, a doutrina (370), o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos Apóstolos (371);
-continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o colégio dos bispos, «assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja»:
«Pastor eterno, não abandonais o vosso rebanho, mas sempre o guardais e protegeis por meio dos santos Apóstolos, para que seja conduzido através dos tempos, pelos mesmos chefes que pusestes à sua frente como representantes do vosso Filho, Jesus Cristo» (373).

Jesus é o enviado do Pai. Desde o princípio do seu ministério, «chamou para junto de Si os que Lhe aprouve [...] e deles estabeleceu Doze, para andarem consigo e para os enviar a pregar» (Mc 3, 13-14). A partir de então, eles serão os seus «enviados» (é o que significa a palavra grega apostoloi). Neles, Jesus continua a sua própria missão: «Tal como o Pai Me enviou, assim Eu vos envio a vós» (Jo 20, 21) 
O seu ministério é, pois, a continuação da própria missão de Jesus: «Quem vos acolhe, acolhe-Me a Mim», disse Ele aos Doze (Mt10, 40) (375).
Jesus uniu-os à missão que Ele próprio recebera do Pai: «assim como o Filho não pode fazer nada por Si mesmo» (Jo 5, 19.30), mas tudo recebe do Pai que O enviou, assim também aqueles que Jesus envia nada podem fazer sem Ele (376); d'Ele recebem o mandato da missão e o poder de o cumprir. Os apóstolos de Cristo sabem, portanto, que são qualificados por Deus como «ministros de uma Aliança nova» (2 Cor 3, 6), «ministros de Deus» (2 Cor 6, 4), «embaixadores de Cristo» (2 Cor 5, 20), «servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus» (1 Cor 4, 1).
No múnus dos Apóstolos há um aspecto intransmissível: serem as testemunhas escolhidas da ressurreição do Senhor e os alicerces da Igreja. Mas há também um aspecto da sua missão que permanece. Cristo prometeu estar com eles até ao fim dos tempos (377). «A missão divina confiada por Jesus aos Apóstolos é destinada a durar até ao fim dos séculos, uma vez que o Evangelho que devem transmitir é, para a Igreja, princípio de toda a sua vida em todos os tempos. Por isso é que os Apóstolos tiveram o cuidado de instituir [...] sucessores» (378).

«Para que a missão que lhes fora confiada pudesse ser continuada depois da sua morte, os Apóstolos, como que por testamento, mandataram os seus cooperadores imediatos para levarem a cabo a sua tarefa e consolidarem a obra por eles começada, encomendando-lhes a guarda do rebanho em que o Espírito Santo os tinha instituído para apascentar a Igreja de Deus. Assim, instituíram homens nestas condições e tudo dispuseram para que, após a sua morte, outros homens provados tomassem conta do seu ministério» (379).
«Do mesmo modo que o encargo confiado pelo Senhor singularmente a Pedro, o primeiro dos Apóstolos, e destinado a ser transmitido aos seus sucessores, é um múnus permanente, assim também é permanente o múnus confiado aos Apóstolos de serem pastores da Igreja, múnus cuja perenidade a ordem sagrada dos bispos deve garantir». Por isso, a Igreja ensina que, «em virtude da sua instituição divina, os bispos sucedem aos Apóstolos como pastores da Igreja, de modo que quem os ouve, ouve a Cristo e quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo» (380).

Toda a Igreja é apostólica, na medida em que, através dos sucessores de Pedro e dos Apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem. Toda a Igreja é apostólica, na medida em que é «enviada» a todo o mundo. Todos os membros da Igreja, embora de modos diversos, participam deste envio. «A vocação cristã é também, por natureza, vocação para o apostolado». E chamamos «apostolado» a «toda a activida de do Corpo Místico» tendente a «alargar o Reino de Cristo à terra inteira» (381).864. «Sendo Cristo, enviado do Pai, a fonte e a origem de todo o apostolado da Igreja», é evidente que a fecundidade do apostolado, tanto dos ministros ordenados como dos leigos, depende da sua união vital com Cristo (382). Segundo as vocações, as exigências dos tempos e os vários dons do Espírito Santo, o apostolado toma as formas mais diversas. Mas é sempre a caridade, haurida principalmente na Eucaristia, «que é como que a alma de todo o apostolado» (383).
A Igreja é una, santa, católica e apostólica na sua identidade profunda e última, porque é nela que existe desde já, e será consumado no fim dos tempos, «o Reino dos céus», «o Reino de Deus» (384), que veio até nós na Pessoa de Cristo e que cresce misteriosamente no coração dos que n'Ele estão incorporados, até à sua plena manifestação escatológica. Então, todos os homens por Ele resgatados e n' Ele tornados «santos e imaculados na presença de Deus no amor» (385), serão reunidos como o único povo de Deus, «a Esposa do Cordeiro» (386), «a Cidade santa descida do céu, de junto de Deus, trazendo em si a glória do mesmo Deus» (387). E «a muralha da cidade assenta sobre doze alicerces, cada um dos quais tem o nome de um dos Doze apóstolos do Cordeiro» (Ap 21, 14).

A Igreja é una: tem um só Senhor, professa uma só fé, nasce dum só Baptismo e forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista duma única esperança (388), no termo da qual todas as divisões serão superadas.
A Igreja é santa: é seu autor o Deus santíssimo; Cristo, seu Esposo, por ela Se entregou para a santificar; vivifica-a o Espírito de santidade. Embora encerra pecadores no seu seio, ela é «a sem-pecado feita de pecadores». Nos santos brilha a sua santidade; em Maria, ela é já totalmente santa.
A Igreja é católica: anuncia a totalidade da fé, tem à sua disposição e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a todos os homens; abrange todos os tempos; «é, por sua própria natureza, missionária» (389).
A Igreja é apostólica: está edificada sobre alicerces duradouros, que são «os Doze apóstolos do Cordeiro» (390); é indestrutível (391); é infalivelmente mantida na verdade: Cristo é quem a governa por meio de Pedro e dos outros apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos bispos.
«A única Igreja de Cristo, da qual professamos no Credo que é una, santa, católica e apostólica, [...] é na Igreja Católica que subsiste, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos que estão em comunhão com ele, embora numerosos elementos de santificação e de verdade se encontrem fora das suas estruturas» (39

«Por instituição divina, há na Igreja, entre os fiéis, ministros sagrados, também chamados, em direito, clérigos, sendo os outros chamados leigos». E há fiéis que, pertencendo a uma ou a outra destas duas categorias, se consagraram a Deus pela profissão dos conselhos evangélicos e servem assim a missão da Igreja (498).
Para anunciar a fé e implantar o seu Reino, Cristo envia os Apóstolos e respectivos sucessores. Fá-los participantes da sua missão. É d'Ele que uns e outros recebem o poder de agir em seu nome.
0 Senhor fez de Pedro o fundamento visível da sua Igreja. Deu-lhe as chaves dela. O bispo da Igreja de Roma, sucessor de S. Pedro, é «a cabeça do colégio dos bispos, vigário de Cristo e pastor da Igreja universal neste mundo» (499).
0 Papa «está revestido, por instituição divina, do poder supremo, plenário, imediato e universal para o governo das almas» (500).
Os bispos, estabelecidos pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos. São, «cada um por sua parte, princípio visível e fundamento da unidade nas suas Igrejas particulares» (501).
Ajudados pelos presbíteros seus cooperadores e pelos diáconos, os bispos têm o encargo de ensinar autenticamente a fé, celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia, e governar a sua Igreja como verdadeiros pastores. Incumbe-lhes também o cuidado de todas as Igrejas, com e sob a orientação do Papa.
«Sendo próprio do estado dos leigos viverem a sua vida no meio do mundo e dos assuntos profanos, eles são chamados por Deus a exercer o seu apostolado no mundo à maneira de fermento, graças ao vigor do seu espírito cristão» (502).
Os leigos participam do sacerdócio de Cristo: cada vez mais unidos a Ele, desenvolvem a graça do Baptismo e da Confirmação em todas as dimensões da vida pessoal, familiar, social e eclesial, e assim realizam a vocação à santidade dirigida a todos os baptizados.
Graças à sua missão profética, os leigos «são também chamados a ser, em todasas circunstâncias e no próprio coração da comunidade humana, testemunhas de Cristo» (503).
Graças à sua missão real, os leigos têm o poder de vencer em si mesmos e no mundo o império do pecado, mediante a abnegação e a santidade de vida (504).
A vida consagrada a Deus caracteriza-se pela profissão pública dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, num estado de vida estável reconhecido pela Igreja.
Entregue a Deus, amado sobre todas as coisas, aquele que o Baptismo já a Ele tinha destinado, encontra-se, no estado de vida consagrada, mais intimamente votado ao serviço divino e dedicado ao bem de toda a Igreja.

A Igreja é «comunhão dos santos»: esta expressão designa, em primeiro lugar, as «coisas santas» (sancta) e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual «é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só Corpo em Cristo» (523).
Este termo também designa a comunhão das «pessoas santas» (sancti) em Cristo, que «morreu por todos», de modo que o que cada um faz ou sofre por Cristo e em Cristo reverte em proveito de todos.
«Nós cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja; e cremos que, nesta comunhão, o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre atento às nossas orações» (524).

De quem devemos nós receber e aprender a Doutrina Cristã? 
Devemos receber e aprender a Doutrina Cristã da Santa Igreja Católica. 

Como é que temos a certeza de que a Doutrina Cristã, que recebemos da Santa Igreja Católica, é verdadeira? 
Temos  a  certeza  de  que  a  Doutrina  Cristã,  que  recebemos  da  Igreja  Católica,  é verdadeira,  porque  Jesus  Cristo,  autor  divino  desta  doutrina,  a  confiou  por  meio  aos seus Apóstolos à Igreja Católica, por Ele fundada e constituída Mestra infalível de todos os homens, prometendo-Lhe a sua divina assistência até à consumação dos séculos. 

143)  Por  que,  depois  do  artigo  que  trata  do Espírito  Santo,  fala-se  imediatamente  da Igreja Católica? Depois do artigo que trata do Espírito Santo, fala-se imediatamente da Igreja Católica, para indicar que toda a santidade da mesma Igreja procede do Espírito Santo, que é o autor de toda a santidade. 
144) Que quer dizer esta palavra Igreja? 
A palavra Igreja quer dizer convocação ou reunião de muitas pessoas. 
145) Quem nos convocou ou chamou para a Igreja de Jesus Cristo? 
Nós fomos chamados para a Igreja de Jesus Cristo por uma graça particular de Deus, a fim  de que, com a  luz da  fé e pela observância  da  lei divina, Lhe prestemos o culto devido, e cheguemos à vida eterna. 
146) Onde se encontram os membros da Igreja? 
Os membros da Igreja encontram-se parte no Céu, e formam a Igreja triunfante; parte no Purgatório, e formam a Igreja padecente; parte na terra, e formam a Igreja militante. 
147) Estas diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja? 
Sim, estas diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja e um só corpo, porque têm a mesma cabeça que é Jesus Cristo, o mesmo espírito que as anima e as tine, e o mesmo fim que é a felicidade eterna, que uns já estão gozando e que outros esperam. 
148) A qual das partes da Igreja se refere principal mente este nono artigo? 
Este nono artigo do Credo refere-se principalmente à Igreja militante, que é a Igreja na qual estamos atualmente. 

149) Que é a Igreja Católica? 
A Igreja Católica é a sociedade ou reunião de todas as pessoas batizadas que, vivendo na  terra,  professam  a  mesma  fé  e  a  mesma  lei  de  Cristo,  participam  dos  mesmos Sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores, principalmente ao Romano Pontífice. 
150) Dizei precisamente o que é necessário para alguém ser membro da Igreja? 
Para  alguém  ser  membro  da  Igreja,  é  necessário  estar  batizado,  crer  e  professar  a doutrina de Jesus Cristo, participar dos mesmos Sacramentos, reconhecer o Papa e os outros legítimos Pastores da Igreja. 
151) Quem são os legítimos Pastores da Igreja? 
Os legítimos Pastores da Igreja são o Pontífice Romano, isto é, o Papa, que é o 1º Pastor universal, e os Bispos. Além disso, sob a dependência dos Bispos e do Papa, têm parte no oficio de Pastores os outros Sacerdotes e especialmente os párocos.  
152) Por que dizeis que o Pontífice Romano é o Pastor Universal da Igreja? 
Porque Jesus Cristo disse a São Pedro, primeiro Papa: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e dar-te-ei as chaves ao reino dos Céus, e tudo o que ligares na terra, será ligado no Céu; e tudo o que desligares na terra, será desligado também no Céu . E disse-lhe mais: Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas . 
153) Então não pertencem à Igreja, de Jesus Cristo as sociedades de pessoas batizados que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe? 
Todos  os  que  não  reconhecem  o  Romano  Pontífice  por  seu  chefe,  não  pertencem  à Igreja de Jesus Cristo. 
154) Como se pode distinguir a Igreja de Jesus Cristo, de tantas sociedades ou seitas, fundadas pelos homens, e que se dizem cristãos? 
Pode-se  distinguir  a  verdadeira  Igreja  de  Jesus  Cristo,  de tantas  sociedades  ou  seitas fundadas pelos  homens e que se dizem cristãs, por quatro notas características. Ela  é Una, Santa, Católica e Apostólica. 
155) Por que dizeis que a Igreja é Una? 
Digo que a verdadeira Igreja é Una, porque os seus filhos, de qualquer tempo ou lugar, estão unidos entre si na mesma fé, no mesmo culto Ito, na mesma lei e na participação dos mesmos Sacramentos, sob o mesmo chefe visível, o Romano Pontífice. 
156) Não poderia haver mais de uma Igreja? 
Não pode haver mais de uma Igreja, porque, assim como há um só Deus, uma só Fé e um  só  Batismo,  assim  também  não  há  nem  pode  ode  haver  senão  uma  só  Igreja verdadeira. 
157) Mas não se chamam também igrejas o conjunto dos fiéis de uma nação, ou de uma diocese? 
Chamam-se igrejas também o conjunto dos fiéis de uma nação ou de uma diocese, mas são sempre porções da Igreja universal, e formam com ela uma só Igreja. 
158) Por que dizeis que a verdadeira Igreja é Santa? 
Chamo  a  verdadeira  Igreja  de  Santa,  porque  Jesus  Cristo,  a  sua  cabeça  invisível,  é Santo, santos são muitos dos seus membros, santas são a sua Fé e a sua Lei, santos os seus Sacramentos, e fora dEla não há nem pode haver verdadeira santidade. 
159) Por que dizeis que a Igreja é Católica? 
Chamo a verdadeira Igreja de Católica, que quer dizer universal, porque abrange os fiéis de  todos  os  tempos,  de  todos  os  lugares,  de  todas  as  idades  e  condições,  e  todos  os homens do mundo são chamados a fazer parte dEla. 
160) Por que a Igreja se chama também Apostólica? 
A verdadeira Igreja chama-se também Apostólica, porque remonta sem interrupção até aos  Apóstolos;  porque  crê  e  ensina  tudo  o  que  creram  e  ensinaram  os  Apóstolos;  e porque é guiada e governada pelos legítimos sucessores dos Apóstolos. 
161) Por que a verdadeira Igreja se chama também Romana? 
A verdadeira Igreja chama-se também Romana, porque os quatro caracteres da unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade se encontram só na Igreja que tem por chefe o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro. 
162) Como é constituída a Igreja de Jesus Cristo? 
A Igreja de Jesus Cristo é constituída como uma sociedade verdadeira e perfeita. E nEla, como numa pessoa moral, podemos distinguir um corpo e uma alma. 
163) Em que consiste a alma da Igreja? 
A  alma  da  Igreja  consiste  no  que  Ela  tem  de  interior  e  de  espiritual,  isto  é,  a  Fé,  a Esperança, a Caridade, os dons da graça e do Espírito Santo, e todos os tesouros celestes que lhe provieram dos merecimentos de Cristo Redentor e dos Santos. 
164) E o corpo da Igreja, em que consiste? 
O corpo da Igreja consiste no que Ela tem de visível e de externo, quer na associação dos  seus  membros,  quer  no  seu  culto  e  no  seu  ministério  de  -ensino,  quer  no  seu governo e ordem externa. 
165) Para nos salvarmos basta sermos de qualquer maneira membros da Igreja Católica? 
Não  basta  para  nos  salvarmos  o  sermos  de  qualquer  maneira  membros  da  Igreja Católica, mas é preciso que sejamos seus membros vivos. 
166) Quais são os membros vivos da Igreja? 
Os  membros  vivos  da  Igreja  são  todos  os  justos  e  só  eles,  isto  é,  aqueles  que  estão atualmente em graça de Deus. 
167) E quais são nEla os membros mortos? 
Membros mortos da Igreja são os fiéis que estão em pecado mortal. 
168) Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana? 
Não.  Fora  da  Igreja  Católica,  Apostólica,  Romana,  ninguém  pode  salvar-se,  como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja. 
169) Como então se salvaram os antigos Patriarcas, os Profetas, e todos os outros justos do Antigo Testamento? 
Todos os  justos  do  Antigo  Testamento  se  salvaram  em  virtude  da  fé  que  tinham  em 
Cristo  que  havia  de  vir,  por  meio  da  qual  eles  já  pertenciam  espiritualmente  a  esta Igreja. 
170) Mas quem se encontrasse, sem culpa sua, fora da Igreja, poderia salvar-se? 
Quem, encontrando-se sem culpa sua - quer dizer, em boa fé - fora da Igreja, tivesse recebido o batismo, ou tivesse desejo, ao  menos implícito, de o receber e além disso procurasse  sinceramente  a  verdade,  e  cumprisse  a  vontade  de  Deus  o  melhor  que pudesse, ainda que separado do corpo da Igreja, estaria unido à alma dEla, e portanto no caminho da salvação. 
171) E quem, sendo muito embora membro da Igreja Católica, não pusesse em prática os seus ensinamentos, salvar-se-ia? 
Quem, sendo muito embora membro da Igreja Católica, não pusesse em prática os seus ensinamentos, seria membro morto, e portanto não se salvaria, porque para a salvação de um adulto requer-se não só o Batismo e a fé, mas também as obras conformes à fé. 
172) Somos obrigados a acreditar todas as verdades que a Igreja ensina? 
Sim,  somos  obrigados  a  acreditar  todas  as  verdades  que  a  Igreja  nos  ensina,  e  Jesus Cristo declarou que quem não crê, já está condenado. 
173) Somos também obrigados a fazer tudo o que a Igreja manda? 
Sim, somos obrigados a fazer tudo o que a Igreja manda, porque Jesus Cristo disse aos Pastores da Igreja: Quem vos ouve, a Mim ouve, e quem vos despreza, a Mim despreza. 
174) Pode enganar-Se a Igreja nas coisas que nos propõe para crermos? 
Não.  Nas  coisas  que  nos  propõe  para  crer,  a  Igreja  não  pode  enganar-Se,  porque, segundo a promessa de Jesus Cristo, é sempre assistida pelo Espírito Santo. 
175) A Igreja Católica é então infalível? 
Sim,  a  Igreja  Católica  é  infalível.  Por  isso  aqueles  que  rejeitam  as  suas  definições, perdem a fé, e fazem-se hereges. 
176) A Igreja Católica pode ser destruída ou perecer? 
Não. A Igreja Católica pode ser perseguida, mas não pode ser destruída nem perecer. Ela há de durar até ao fim do mundo, porque até ao fim do mundo Jesus Cristo estará com Ela, como prometeu. 
177) Por que é a Igreja Católica tão perseguida? 
A Igreja Católica é tão perseguida, porque assim foi também perseguido o seu Divino Fundador, e porque reprova os vícios, combate as paixões e condena todas as injustiças e todos os erros. 
178) Há mais alguns deveres dos católicos para com a Igreja? 
Todo  o  cristão  deve  ter  para  com  a  Igreja  um  amor  ilimitado,  considerar-se  feliz  e infinitamente honrado por pertencer a Ela, e empenhar-se pela glória e aumento dEla por todos os meios ao seu alcance. 
179) Há alguma distinção entre os membros que compõem a Igreja? 
Entre os membros que compõem a Igreja há distinção muito importante, porque há uns que mandam, outros que obedecem, uns que ensinam, outros que são ensinados. 
180) Como se chama a parte da Igreja que ensina? 
A parte da Igreja que ensina chama-se docente, ou ensinante. 
181) E a parte da Igreja que é ensinada, como se chama? 
A parte da Igreja que é ensinada chama-se discente. 
182) Quem estabeleceu esta distinção na Igreja? 
Esta distinção na Igreja estabeleceu-a o próprio Jesus Cristo. 
183) A Igreja docente e a Igreja discente são, pois, duas Igrejas distintas? 
A Igreja docente e a Igreja discente são duas partes distintas de uma só e mesma Igreja, como no corpo humano a cabeça é distinta dos outros membros, e, não obstante, forma com eles um corpo só. 
184) De que pessoas se compõe a Igreja docente? 
A Igreja docente compõe-se de todos os Bispos (quer se encontrem dispersos, quer se encontrem reunidos em Concílio), unidos à sua cabeça, o Romano Pontífice. 
185) E a Igreja discente, de que pessoas é composta?  
A Igreja discente é composta de todos os fiéis. 
186) Quais são as pessoas que têm na Igreja autoridade de ensinar? 
Os que têm na Igreja o poder de ensinar são o Papa e os Bispos e, sob a dependência destes, os outros ministros sagrados. 
187) Somos obrigados a ouvir a Igreja docente? 
Sim,  sem  dúvida,  somos  todos  obrigados  a  ouvir  a  Igreja  docente,  sob  pena  de condenação  eterna,  porque  Jesus  Cristo  disse  aos  Pastores  da  Igreja,  na  pessoa  dos Apóstolos: Quem vos ouve, a Mim ouve, e quem vos despreza, a Mim despreza . 
188) Além da autoridade de ensinar, tem a Igreja mais algum poder? 
Sim, além da autoridade de ensinar, a Igreja tem especialmente o poder de administrar as coisas santas, de fazer leis e de exigir a sua observância. 
189) Virá do povo o poder que têm os membros da hierarquia eclesiástica? 
O  poder  que  têm  os  membros  da  hierarquia  eclesiástica  não  vem  do  Povo,  e  seria heresia o dizê-lo: vem unicamente de Deus. 
190) A quem compete o exercício destes poderes? 
O exercício destes poderes compete unicamente ao corpo hierárquico, isto é, ao Papa e aos Bispos a ele subordinados. 
193) Por que o Romano Pontífice é o Vigário de Jesus Cristo? 
O Romano Pontífice é o Vigário de Jesus Cristo porque ele O representa na terra, e faz as suas vezes no governo da Igreja. 
194) Por que o Romano Pontífice é o Chefe visível da Igreja? 
O  Romano  Pontífice  é  o  Chefe  visível  da  Igreja  porque  a  dirige  visivelmente  com  a mesma autoridade de Jesus Cristo, que é a cabeça invisível da Igreja. 
196) Pode errar o Papa ao ensinar à Igreja? 
O Papa não pode errar, quer dizer, é infalível nas definições que dizem respeito à fé e aos costumes. 
215) Quais são na Igreja os bens comuns internos ? Os bens comuns internos na Igreja são: a graça que se recebe nos Sacramentos, a Fé, a Esperança,  a  Caridade,  os  merecimentos  infinitos  de  Jesus  Cristo,  os  merecimentos superabundantes da Santíssima Virgem e dos Santos, e o fruto de todas as boas obras que na mesma Igreja se fazem. 
216) Quais são os bens externos comuns na Igreja ? 
Os bens externos comuns na Igreja são: os sacramentos, o Santo Sacrifício da Missa, as orações públicas, as funções religiosas, e todas as outras práticas exteriores que unem entre si os fiéis. 
217) Nesta comunhão de bens entram todos os filhos da Igreja ? 
Na  comunhão  dos  bens  internos  entram  somente  os  cristãos  que  estão  em  graça  de Deus; os que estão em pecado mortal não participam de todos estes bens. 

235) Pode a Igreja perdoar toda a espécie de pecados ? 
Sim, a Igreja pode perdoar todos os pecados, por numerosos e graves que sejam, porque Jesus Cristo Lhe concedeu pleno poder de ligar e desligar. 
236) Quem são os que na Igreja exercem este poder de perdoar os pecados ? Os que na Igreja exercem o poder de perdoar os pecados são, em primeiro lugar, o Papa que é o único que possui a plenitude de tal poder; depois os Bispos e, sob a dependência dos Bispos, os Sacerdotes. 
237) Como perdoa a Igreja os pecados ? 
A  Igreja  perdoa  os  pecados  pelos  merecimentos  de  Jesus  Cristo,  administrando  os Sacramentos por Ele instituídos para esse fim, especialmente o Batismo e a Penitência. 
338) Qual é a devoção à Virgem Maria, que a Igreja nos recomenda de modo especial? 
A  devoção  que  a  Igreja  nos  recomenda  de  modo  especial  em  honra  da  Santíssima Virgem é a reza do santo Rosário. 

469) Além dos Mandamentos da Lei de Deus, que mais coisas somos nós obrigados a observar? 
Além dos Mandamentos da Lei de Deus, somos obrigados a observar os mandamentos ou preceitos da Igreja. 
47O) Somos obrigados a obedecer à Igreja? Sem dúvida, somos obrigados a obedecer à Igreja, porque o próprio Jesus Cristo no-lo ordena,  e  porque os  preceitos  da  Igreja  facilitam  a observância  dos  Mandamentos  de Deus. 
471) Quando começa a obrigação de observar os preceitos da Igreja? 
A obrigação de observar os preceitos da Igreja começa geralmente com o uso da razão. 
472) É pecado transgredir um preceito da Igreja? 
Transgredir com advertência um preceito da Igreja em matéria grave é pecado grave. 
473) Quem pode dispensar de um preceito da Igreja? 
De um preceito da Igreja só pode dispensar o Papa ou quem dele receber as competentes faculdades. 
474) Quantos e quais são os preceitos da Igreja? 
Os preceitos da Igreja são cinco: 
1o Ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda. 
2o Confessar-se ao menos uma vez cada ano. 
3o Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição. 
4o Jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja. 
5o Pagar dízimos segando o costume. 

475) Que nos manda o primeiro preceito ou manda mento da Igreja: ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda? 
O  primeiro  preceito  da  Igreja:  ouvir  Missa  inteira  nos  domingos  e  festas  de  guarda, manda-nos  assistir  com  devoção  à  Santa  Missa  nos  domingos  e  nas  outras  festas  de preceito. 
476) Qual é  a Missa à qual a Igreja deseja que  se assista nos domingos e  nas outras festas de preceito? 
A Missa à qual a Igreja deseja que, sendo possível, se assista nos domingos e nas outras festas de guarda, é a Missa paroquial. 
477) Por que recomenda a Igreja aos fiéis que assistam à Missa paroquial? 
A Igreja recomenda aos fiéis que assistam à Missa paroquial: 1o a fim de que aqueles que pertencem à mesma paróquia se unam a orar, juntamente com o pároco, que é seu chefe espiritual; 
2o  a  fim  de  que  os  paroquianos  participem  mais  do  Santo Sacrifício,  que  é  aplicado principalmente por eles; 
3o  a  fim  de  que  ouçam  as  verdades  do  Evangelho  que  os  párocos  têm  obrigação  de expor à Santa Missa; 
4º a fim de que conheçam as prescrições e avisos que se dão à estação da referida Missa. 

483)  Que  nos  manda  a  Igreja  com  as  palavras  do  segundo  preceito:  confessar-se  ao menos uma vez cada ano? 
Com as palavras do segundo preceito: confessar-se ao menos uma vez cada ano, a Igreja obriga todos os cristãos que chegaram ao uso da razão, a receber, uma vez ao menos em cada ano, o Sacramento da Penitência. 

488) Que nos manda a Igreja com as palavras do terceiro preceito: comungar ao menos 
pela Páscoa da Ressurreição? 
Com as palavras do terceiro preceito: comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição, a Igreja obriga todos os cristãos que chegarem à idade da discrição a receber todos os anos  a  Santíssima  Eucaristia,  durante  o  tempo  pascal;  e  é  bom  que  seja  na  própria paróquia. 

493) Que nos manda o quarto preceito da Igreja com as palavras jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja? 
O quarto preceito da Igreja: jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja, manda-nos que jejuemos e nos abstenhamos de carne na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa; e que nos abstenhamos de carne em todas as sextas-feiras do ano. Esta abstinência pode ser comutada por outra obra pia, a juízo do Bispo Diocesano. 

505) Como se observa o quinto preceito da Igreja: pagar dízimos segundo o costume? 
Observa-se  o  quinto  preceito:  pagar  dízimos  segundo  o  costume,  pagando  aquelas ofertas ou contribuições, que foram estabelecidas, para reconhecer o supremo domínio que Deus tem sobre todas as coisas, e para sustentar os ministros do altar. 




Código de Direito Canônico

Cân. 11 — Estão obrigados às leis meramente eclesiásticas os baptizados na Igreja católica ou nela recebidos, que gozem de suficiente uso da razão, e, a não ser que outra coisa expressamente se estabeleça no direito, tenham completado sete anos de idade.

Cân. 96 — Pelo baptismo o homem é incorporado na Igreja de Cristo e nela constituído pessoa, com os deveres e direitos que, atendendo à sua condição, são próprios dos cristãos, na medida em que estes permanecem na comunhão eclesiástica e a não ser que obste uma sanção legitimamente infligida.

Cân. 113 — § 1. A Igreja católica e a Sé Apostólica têm a natureza de pessoa moral por própria ordenação divina.

§ 2. Esta Igreja, constituída e ordenada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele.

Cân. 209 — § 1. Os fiéis têm a obrigação de, com o seu modo de proceder, manterem sempre a comunhão com a Igreja.

Cân. 210 — Todos os fiéis, segundo a sua condição, devem esforçar-se por levar uma vida santa e promover o incremento da Igreja e a sua contínua santificação.

Cân. 213 — Os fiéis têm o direito de receber dos sagrados Pastores os auxílios hauridos dos bens espirituais da Igreja, sobretudo da palavra de Deus e dos sacramentos.

§ 2. Os clérigos reconheçam e promovam a missão que os leigos, cada um pela sua parte, desempenham na Igreja e no mundo.

Cân. 576 — Pertence à autoridade competente da Igreja interpretar os conselhos evangélicos, ordenar a prática dos mesmos com leis e consequentemente constituir com aprovação canónica formas estáveis de viver.

Cân. 747 — § 1. A Igreja, à qual Cristo Senhor confiou o depósito da fé, para que ela, assistida pelo Espírito Santo, guardasse inviolavelmente, perscrutasse mais intimamente, anunciasse e expusesse fielmente a verdade revelada, tem o dever e o direito originário, independentemente de qualquer poder humano, de pregar o Evangelho a todos os povos, utilizando até meios de comunicação social próprios

§ 2. À Igreja compete anunciar sempre e em toda a parte os princípios morais, mesmo de ordem social, bem como emitir juízo acerca de quaisquer realidades humanas, na medida em que o exijam os direitos fundamentais da pessoa humana ou a salvação das almas.

Cân. 748 — § 1. Todos os homens estão obrigados a procurar a verdade no que concerne a Deus e à sua Igreja, e, uma vez conhecida, em virtude da lei divina têm obrigação e gozam do direito de a abraçar e observar.

§ 2. A ninguém é lícito coagir os homens a abraçar a fé católica contra a sua consciência.

Cân. 749 — § 1. Em virtude do seu cargo, o Sumo Pontífice goza de infalibilidade no magistério quando, como supremo Pastor e Doutor de todos os fiéis, a quem pertence confirmar na fé os seus irmãos, proclama por um acto definitivo que tem de ser aceite uma doutrina acerca da fé ou dos costumes.

§ 2. Goza também de infalibilidade no magistério o Colégio dos Bispos, quando, reunidos os Bispos em Concílio Ecuménico, exercem o magistério, e, como doutores e juízes da fé e dos costumes, declaram definitivamente para toda a Igreja que tem de ser aceite uma doutrina acerca da fé ou dos costumes; ou quando, dispersos por todo o mundo, mas mantendo vínculo de comunhão entre si e com o sucessor de Pedro, juntamente com o mesmo Romano Pontífice, ensinando autenticamente doutrinas de fé ou costumes, acordam em que uma proposição deve aceitar-se definitivamente.

§ 3. Nenhuma doutrina deve considerar-se infalivelmente definida, a não ser que tal conste manifestamente.

Cân. 750 — § 1. Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário 138 LIV. III — Do múnus de ensinar da Igreja e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias.

§ 2. Deve-se ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas.

Cân. 751 — Diz-se heresia a negação pertinaz, depois de recebido o baptismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou ainda a dúvida pertinaz acerca da mesma; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos.

Cân. 752 — Ainda que não se tenha de prestar assentimento de fé, deve contudo prestar-se obséquio religioso da inteligência e da vontade àquela doutrina que quer o Sumo Pontífice quer o Colégio dos Bispos enunciam ao exercerem o magistério autêntico, apesar de não terem intenção de a proclamar com um acto definitivo; façam, portanto, os fiéis por evitar o que não se harmonize com essa doutrina.

Cân. 754 — Todos os fiéis têm obrigação de observar as constituições e decretos que a legítima autoridade da Igreja promulgar para propor uma doutrina ou para proscrever opiniões erróneas, e com especial motivo as que publicar o Romano Pontífice ou o Colégio dos Bispos.

Cân. 759 — Os fiéis leigos, em virtude do baptismo e da confirmação, são testemunhas da mensagem evangélica pela palavra e pelo exemplo da vida cristã; podem também ser chamados a cooperar com o Bispo e os presbíteros no exercício do ministério da palavra.

Cân. 760 — No ministério da palavra, que se deve basear na sagrada Escritura, na Tradição, na liturgia, no magistério e na vida da Igreja, proponha-se integral e fielmente o mistério de Cristo.

Cân. 794 — § 1. Por uma razão singular, o dever e o direito de educar assiste à Igreja a quem foi confiada por Deus a missão de ajudar os homens para poderem chegar à plenitude da vida cristã.

Cân. 800 — § 1. A Igreja tem o direito de fundar e dirigir escolas de qualquer disciplina, género e grau.

Cân. 807 — A Igreja tem o direito de fundar e dirigir universidades, que contribuam para uma mais alta cultura dos homens e para a promoção mais plena da pessoa humana, e ainda para o cumprimento do múnus de ensinar da própria Igreja.

Cân. 834 — § 1. A Igreja desempenha o múnus de santificar de modo peculiar pela sagrada liturgia, que pode considerar-se como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, na qual por meio de sinais sensíveis se significa e, segundo o modo próprio de cada um, se opera a santificação dos homens, e pelo Corpo místico de Jesus Cristo, Cabeça e membros, se exerce o culto público integral de Deus.

§ 4. Também os demais fiéis, ao participarem activamente, a seu modo, nas celebrações litúrgicas, sobretudo na eucarística, têm uma parte que lhes é própria no múnus santificador; de modo peculiar participam neste múnus os pais, vivendo em espírito cristão a vida conjugal e cuidando da educação cristã dos filhos.

Cân.  839  —  §  1. A  Igreja  desempenha  ainda  o  seu  múnus  santificador  por outros meios, a saber: as orações, pelas quais se pede a Deus que os fiéis sejam santificados na verdade, as obras de penitência e de caridade, que muito contribuem para enraizar e fortalecer o Reino de Cristo nas almas e para a salvação do mundo.

Cân. 1214 — Pelo nome de igreja entende-se o edifício sagrado destinado ao culto divino, ao qual os fiéis têm o direito de acesso para exercerem, sobretudo publicamente, o culto divino.

Cân. 1221 — Durante o tempo das celebrações sagradas, seja livre e gratuita a entrada na igreja.

O lugar próprio para as confissões é a igreja ou o oratório (cân. 964, § 1).




Minhas recomendações
É dever dos católicos participarem da santa Missa todos os domingos do ano. 
Eu recomendo a todos a receberem a Eucaristia sempre que puderem. 
Também recomendo a todos a irem se confessar na santa Igreja através do Sacramento da Penitencia pelo menos uma vez por ano principalmente na época de Quaresma.
Eu recomendo a todos para amarem a santa Igreja Católica porque foi fundada pelo Nosso Senhor Jesus Cristo. Também a contribuírem para a Santa Igreja Católica.
Recomendo também batizarem os seus filhos na santa Igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo. 
Leiam e pratiquem o catecismo da nossa santa Igreja Católica.