Santos do Antigo Testamento

Abel

Um especialista em leis tomou a palavra, e disse: "Mestre, falando assim insultas também a nós!" Jesus respondeu: "Ai de vocês também, especialistas em leis! Porque vocês impõem sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo. Ai de vocês, porque constroem túmulos para os profetas; no entanto, foram os pais de vocês que os mataram. Com isso, vocês são testemunhas e aprovam as obras dos pais de vocês, pois eles mataram os profetas, e vocês constroem os túmulos.  É por isso que a sabedoria de Deus disse: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles os matarão e perseguirão,  a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário’.




Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim cultivava o solo. Depois de algum tempo, Caim apresentou produtos do solo como oferta a Javé. Abel, por sua vez, ofereceu os primogênitos e a gordura do seu rebanho. Javé gostou de Abel e de sua oferta, e não gostou de Caim e da oferta dele. Caim ficou então muito enfurecido e andava de cabeça baixa. E Javé disse a Caim: "Por que você está enfurecido e anda de cabeça baixa? Se você agisse bem, andaria com a cabeça erguida; mas, se você não age bem, o pecado está junto à porta, como fera acuada, espreitando você. Por acaso, será que você pode dominá-la?" Entretanto, Caim disse a seu irmão Abel: "Vamos sair". E quando estavam no campo, Caim se lançou contra o seu irmão Abel e o matou. 
Então Javé perguntou a Caim: "Onde está o seu irmão Abel?" Caim respondeu: "Não sei. Por acaso eu sou o guarda do meu irmão?" Javé disse: "O que foi que você fez? Ouço o sangue do seu irmão, clamando da terra para mim. Por isso você é amaldiçoado por essa terra que abriu a boca para receber de suas mãos o sangue do seu irmão. Ainda que você cultive o solo, ele não lhe dará mais o seu produto. Você andará errante e perdido pelo mundo". 





Henoc 


Henoc viveu trezentos e sessenta e cinco anos.    
Henoc andou com Deus e desapareceu, porque Deus o arrebatou.




Noé


Quando os homens se multiplicaram sobre a terra e geraram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas, e escolheram como esposas todas aquelas que lhes agradaram. Javé disse: "Meu sopro de vida não permanecerá para sempre no homem, pois ele é carne, e não viverá mais do que cento e vinte anos". 

Javé viu que a maldade do homem crescia na terra e que todo projeto do coração humano era sempre mau. Então Javé se arrependeu de ter feito o homem sobre a terra, e seu coração ficou magoado. E Javé disse: "Vou exterminar da face da terra os homens que criei, e junto também os animais, os répteis e as aves do céu, porque me arrependo de os ter feito"Noé, porém, encontrou graça aos olhos de Javé. O justo preserva a vida - * Eis a história de Noé. Noé era um homem justo, íntegro entre seus contemporâneos, e andava com Deus.

Deus viu a terra corrompida, porque todo homem da terra tinha se corrompido em seu comportamento. Então Deus disse a Noé: "Para mim, chegou o fim de todos os homens, porque a terra está cheia de violência por causa deles. Vou destruí-los junto com a terra. Faça para você uma arca de madeira resinosa; divida em compartimentos e calafete com piche, por dentro e por fora. A arca deverá ter as seguintes dimensões: cento e cinqüenta metros de comprimento, vinte e cinco de largura e quinze de altura. No alto da arca, faça uma clarabóia de meio metro, como arremate. Faça a entrada da arca pelo lado; e faça a arca em três andares superpostos. Eu vou mandar o dilúvio sobre a terra, para exterminar todo ser vivo que respira debaixo do céu: tudo o que há na terra vai perecer. Mas com você eu vou estabelecer a minha aliança, e você entrará na arca com sua mulher, seus filhos e as mulheres de seus filhos. Tome um casal de cada ser vivo, isto é, macho e fêmea, e coloque-os na arca, para que conservem a vida juntamente com você. De cada espécie de aves, de cada espécie de animais, de cada espécie de todos os répteis da terra, tome com você um casal, para os conservar vivos. Quanto a você, ajunte e armazene todo tipo de alimento; isso vai servir de alimento para você e para eles". E Noé fez tudo como Deus havia mandado. 
Javé disse a Noé: "Entre na arca com toda a sua família, porque você é o único justo que encontrei nesta geração.
Porque eu, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites, e eliminarei da face da terra todos os seres que eu fiz". E Noé fez tudo como Javé havia mandado. 

O retorno ao caos - * Noé tinha seiscentos anos quando o dilúvio veio sobre a terra. Noé, com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, entrou na arca para escapar das águas do dilúvio.   Dos animais puros e impuros, das aves e dos répteis, entrou um casal, macho e fêmea, na arca de Noé, conforme Deus havia ordenado a Noé. 

  Depois de sete dias, veio o dilúvio sobre a terra. Noé tinha seiscentos anos quando se arrebentaram as fontes do oceano e se abriram as comportas do céu. Era exatamente o décimo sétimo dia do segundo mês. E a chuva caiu sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites.

Os que entraram, eram um macho e uma fêmea de cada ser vivo, conforme Deus havia ordenado. E Javé fechou a porta por fora.  

Durante quarenta dias caiu o dilúvio sobre a terra. As águas subiram e ergueram a arca, que ficou acima da terra. As águas subiram e cresceram muito sobre a terra. E a arca flutuava sobre as águas. As águas subiam cada vez mais sobre a terra, até cobrirem as montanhas mais altas que há debaixo do céu. A água alcançou a altura de sete metros e meio acima das montanhas.   
Pereceram todos os seres vivos que se movem sobre a terra: aves, animais domésticos, feras, tudo o que vive sobre a terra e todos os homens. Morreu então tudo o que tinha sopro de vida nas narinas, isto é, tudo o que estava em terra firme.  Desapareceram todos os seres que estavam no solo, desde o homem até os animais, os répteis e as aves do céu. Foram todos extintos da terra. Ficou somente Noé e os que com ele ara a enchente encobriu a terra durante cento e cinqüenta dias. 

A nova criação - * Então Deus se lembrou de Noé e de todas as feras e animais domésticos que estavam com ele na arca. Deus fez soprar um vento sobre a terra, e as águas baixaram. As fontes do oceano e as comportas do céu se fecharam, a chuva parou de cair, e as águas, pouco a pouco, se retiraram da terra. As águas se retiraram depois de cento e cinqüenta dias. No décimo sétimo dia do sétimo mês, a arca encalhou sobre os montes de Ararat. E as águas continuaram escoando até o décimo mês, e no primeiro dia do décimo mês apareceram os picos das montanhas.

Arca de Noé encalhada no monte de Ararat

No fim de quarenta dias, Noé abriu a claraboia que tinha feito na arca, e soltou o corvo, que ia e vinha, esperando que as águas secassem sobre a terra. Então Noé soltou a pomba que estava com ele, para ver se as águas tinham secado sobre a terra. Ora, a pomba, não encontrando lugar para pousar, voltou para Noé na arca, porque havia água sobre toda a superfície da terra. Noé estendeu a mão, pegou-a e a fez entrar junto dele na arca.    Esperou mais sete dias, e soltou de novo a pomba fora da arca. Ao entardecer, a pomba voltou para Noé, trazendo no bico um ramo novo de oliveira. Desse modo, Noé ficou sabendo que as águas tinham escoado da superfície da terra. Noé esperou mais sete dias; e soltou novamente a pomba, que não voltou mais. 

Foi no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro dia do primeiro mês, que as águas secaram sobre a terra. Noé abriu então a clarabóia da arca, olhou e viu que a superfície do solo estava seca. No vigésimo sétimo dia do segundo mês, a terra estava seca. Então Deus disse a Noé: "Saia da arca com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos. Todos os seres vivos que estão com você, todos os animais, aves e répteis, faça-os sair com você: que encham a terra, sejam fecundos e se multipliquem na terra". Então Noé saiu com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos; e todas as feras, animais domésticos, aves e répteis saíram da arca, uma espécie depois da outra. 

Noé construiu um altar para Javé, tomou animais e aves de toda espécie pura e ofereceu holocaustos sobre o altar. Javé aspirou o perfume, e disse consigo: "Nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do homem, porque os projetos do coração do homem são maus desde a sua juventude. Nunca mais destruirei todos os seres vivos, como fiz. Enquanto durar a terra, jamais faltarão semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite". 

Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo: "Sejam fecundos, multipliquem-se e encham a terra. Todos os animais da terra temerão e respeitarão vocês: as aves do céu, os répteis do solo e os peixes do mar estão no poder de vocês. Tudo o que vive e se move servirá de alimento para vocês. E a vocês eu entrego tudo, como já lhes havia entregue os vegetais. Mas não comam carne com o sangue, que é a vida dela. Vou pedir contas do sangue, que é a vida de vocês; vou pedir contas a qualquer animal; e ao homem vou pedir contas da vida do seu irmão. Quem derrama o sangue do homem, terá o seu próprio sangue derramado por outro homem. Porque o homem foi feito à imagem de Deus. Quanto a vocês, sejam fecundos e se multipliquem, povoem e dominem a terra". 

Deus garante a vida - * Deus disse a Noé e a seus filhos: "Eu estabeleço a minha aliança com vocês e com seus descendentes, e com todos os animais que os acompanham: aves, animais domésticos e feras, com todos os que saíram da arca e agora vivem sobre a terra. Estabeleço minha aliança com vocês: de tudo o que existe, nada mais será destruído pelas águas do dilúvio, e nunca mais haverá dilúvio para devastar a terra". 


Sinal da aliança visto da terra. (Arco-ires parcial)

Deus disse: "Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vocês e todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as gerações futuras: Colocarei o meu arco nas nuvens, e ele se tornará um sinal da minha aliança com a terra. Quando eu reunir as nuvens sobre a terra e o arco-íris aparecer nas nuvens, eu me lembrarei da minha aliança com vocês e com todos os seres vivos. E o dilúvio não voltará a destruir os seres vivos. Quando o arco-íris estiver nas nuvens, eu o verei e me lembrarei da aliança eterna: aliança de Deus com todos os seres vivos, com tudo o que vive sobre a terra". E Deus disse a Noé: "Este é o sinal da aliança que estabeleço com tudo o que vive sobre a terra"

O Arco-Ires só existe porque Deus o fez quando fez a aliança com Noé e seus descendente.
Deus disse: "Colocarei o meu arco nas nuvens, e ele se tornará um sinal da minha aliança com a terra".


O Arco-Ires completo visto do céu tem o formato de um anel justamente porque é o sinal da aliança de Deus com a terra. 





Abraão

Jesus Cristo disse: Quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a vocês: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos." Ouvindo isso, as multidões ficaram impressionadas com o ensinamento de Jesus. 




Vocação de Abrão - * Javé disse a Abrão: "Saia de sua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Eu farei de você um grande povo, e o abençoarei; tornarei famoso o seu nome, de modo que se torne uma bênção. Abençoarei os que abençoarem você e amaldiçoarei aqueles que o amaldiçoarem. Em você, todas as famílias da terra serão abençoadas". 
Abrão partiu conforme lhe dissera Javé. E Ló partiu com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã.   

Javé apareceu a Abrão e lhe disse: "Eu darei esta terra à sua descendência". Abrão construiu aí um altar a Javé, que lhe havia aparecido.    Daí, passou para a montanha, a oriente de Betel, e armou sua tenda, com Betel a oeste e Hai a leste. E aí construiu um altar a Javé e invocou o nome de Javé. Depois, de acampamento em acampamento, Abrão foi para o Negueb.

 Javé disse a Abrão, depois que Ló se separou dele: Tornarei a sua descendência como a poeira da terra: quem puder contar os grãos de poeira da terra, poderá contar seus descendentes. Levante-se, e percorra esta terra no seu comprimento e na sua largura, pois eu a darei a você". Abrão levantou a tenda e foi estabelecer-se junto ao Carvalho de Mambré, que está em Hebron, e aí construiu um altar em honra de Javé.  

Acreditar é confiar -* Depois desses acontecimentos, Javé dirigiu a palavra a Abrão, através de uma visão: "Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo, e sua recompensa será muito grande". Abrão respondeu: "Senhor Javé, o que me darás? Continuo sem filho, e Eliezer de Damasco será o herdeiro da minha casa!"    E acrescentou: "Como não me deste descendência, um dos servos de minha casa é que será o meu herdeiro!" Então Javé dirigiu esta palavra a Abrão: "O seu herdeiro não será esse, mas alguém que sair do sangue de você". Depois Javé conduziu Abrão para fora, e disse: "Erga os olhos ao céu e conte as estrelas, se puder". E acrescentou: "Assim será a sua descendência". Abrão acreditou em Javé, e isso lhe foi creditado como justiça. 

Quando o sol ia se pondo, um torpor caiu sobre Abrão, e ele sentiu muito medo.  Javé disse a Abrão: "Saiba com certeza que seus descendentes viverão como estrangeiros numa terra que não será a deles. Aí nessa terra eles ficarão como escravos e serão oprimidos durante quatrocentos anos. Mas eu vou julgar a nação à qual eles vão servir, e depois eles sairão com muitos bens.   

A promessa é um desafio -* Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; mas tinha uma escrava egípcia chamada Agar. Então Sarai disse a Abrão: "Javé não me deixa ter filhos: una-se à minha escrava para ver se ela me dá filhos". Abrão aceitou a proposta de Sarai. 

Agar deu à luz um filho para Abrão, e Abrão deu o nome de Ismael ao filho que Agar lhe dera.Abrão tinha oitenta e seis anos quando Agar deu à luz Ismael. 

A pertença ao povo de Deus -* Quando Abrão completou noventa e nove anos, Javé lhe apareceu e disse: "Eu sou o Deus todo-poderoso. Comporte-se de acordo comigo e seja íntegro. Vou fazer uma aliança entre mim e você, e o multiplicarei sem medida". Abrão caiu com o rosto por terra. Então Deus lhe falou: "Veja! A aliança que eu faço com você é esta: você será pai de muitas nações. E não se chamará mais Abrão, mas o seu nome será Abraão, pois eu o tornarei pai de muitas nações. Eu o tornarei extremamente fecundo. De você farei surgir nações, e de você nascerão reis.Vou estabelecer para sempre a minha aliança entre mim e você, como aliança eterna. Serei o Deus de você e o Deus de seus futuros descendentes. Vou dar a você, e a seus futuros descendentes, a terra em que agora vive como imigrante, toda a terra de Canaã, como posse perpétua. E eu serei o Deus de vocês".  E Deus continuou falando a Abraão: "Quanto a você, observe a aliança que faço com você e com seus futuros descendentes. E a aliança que eu faço com você e seus futuros descendentes, e que vocês devem observar, é a seguinte: circuncidem todos os homens. Circuncidem a carne do prepúcio. Este será o sinal da aliança entre mim e vocês.  

Deus disse a Abraão: "Sua mulher Sarai não se chamará mais Sarai, mas Sara.  Eu a abençoarei, e dela darei um filho a você, e eu o abençoarei. Dela nascerão nações e reis de povos".  Deus disse: " É Sara quem vai dar-lhe um filho: você lhe dará o nome de Isaac. Vou fazer a minha aliança com ele e com os descendentes dele, uma aliança perpétua.  

Sara concebeu e deu à luz um filho para Abraão, que já era velho. Abraão deu o nome de Isaac ao filho que lhe nasceu, gerado por Sara.  

A grande prova -* Depois desses acontecimentos, Deus pôs Abraão à prova, e lhe disse: "Abraão, Abraão!" Ele respondeu: "Estou aqui". Deus disse: "Tome seu filho, o seu único filho Isaac, a quem você ama, vá à terra de Moriá e ofereça-o aí em holocausto, sobre uma montanha que eu vou lhe mostrar". 

Abraão pegou a lenha do holocausto e a colocou nas costas do seu filho Isaac, tendo ele próprio tomado nas mãos o fogo e a faca. E foram os dois juntos.    Isaac falou a seu pai: "Pai". Abraão respondeu: "Sim, meu filho!" Isaac continuou: "Aqui estão o fogo e a lenha. Mas onde está o cordeiro para o holocausto?"    Abraão respondeu: "Deus providenciará o cordeiro para o holocausto, meu filho!" E continuaram caminhando juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o altar, colocou a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e pegou a faca para imolar seu filho. 
Nesse momento, o anjo de Javé o chamou lá do céu e disse: "Abraão, Abraão!" Ele respondeu: "Aqui estou!" O anjo continuou: "Não estenda a mão contra o menino! Não lhe faça nenhum mal! Agora sei que você teme a Deus, pois não me recusou seu filho único". Abraão ergueu os olhos e viu um cordeiro, preso pelos chifres num arbusto; pegou o cordeiro e o ofereceu em holocausto no lugar do seu filho. E Abraão deu a esse lugar o nome de "Javé providenciará". Assim, até hoje se costuma dizer: "Sobre a montanha, Javé providenciará". 
O anjo de Javé chamou lá do céu uma segunda vez a Abraão, dizendo: "Juro por mim mesmo, palavra de Javé: porque você me fez isso, porque não me recusou seu filho único, eu o abençoarei, eu multiplicarei seus descendentes como as estrelas do céu e a areia da praia. Seus descendentes conquistarão as cidades de seus inimigos. Por meio da descendência de você, todas as nações da terra serão abençoadas, porque você me obedeceu". 




Isaac e Jacó



 História de Isaac, filho de Abraão. Abraão gerou Isaac. Isaac tinha quarenta anos quando se casou com Rebeca, filha de Batuel, o arameu de Padã-Aram, e irmã de Labão, o arameu.  Isaac implorou a Javé por sua mulher, porque ela era estéril: Javé o escutou e sua mulher Rebeca ficou grávida. As crianças, porém, lutavam dentro dela. Então ela disse: "Se é assim, para que viver?" Então foi consultar Javé. E Javé lhe disse: "Em seu ventre há duas nações, dois povos se separam em suas entranhas. Um povo vencerá o outro, e o mais velho servirá ao mais novo"

Quando chegou o dia do parto, Rebeca teve gêmeos. O primeiro saiu: era ruivo e peludo como um manto de pelos, e lhe deram o nome de Esaú. Em seguida, saiu seu irmão, com a mão segurando o calcanhar de Esaú, e lhe deram o nome de Jacó. Isaac tinha sessenta anos quando eles nasceram. 

Os meninos cresceram. Esaú se tornou hábil caçador, homem rude, enquanto Jacó era homem tranqüilo, morando sob tendas. Isaac apreciava a caça e preferia Esaú, enquanto Rebeca preferia Jacó. 

Houve fome no país - além daquela que tinha havido no tempo de Abraão - e Isaac foi para Gerara, onde Abimelec era rei dos filisteus. Javé apareceu a Isaac e disse: "Não desça para o Egito; fique na terra que eu lhe disser. Fique morando aqui neste país, e eu estarei com você e o abençoarei, pois eu darei todas estas terras a você e a seus descendentes, cumprindo o juramento que fiz a seu pai Abraão. Tornarei a descendência de você numerosa como as estrelas do céu, e darei a seus descendentes todas estas terras. Por meio da sua descendência, serão abençoadas todas as nações da terra, porque Abraão me obedeceu, observou meus preceitos e mandamentos, meus estatutos e leis". Então Isaac ficou em Gerara. 

Isaac semeou aquela terra e, nesse ano, colheu o cêntuplo. Javé o abençoou e ele foi ganhando muito, até ficar bem rico. Tinha rebanhos de bois e ovelhas e numerosos servos. Por causa disso, os filisteus ficaram com inveja. 

Daí, Isaac subiu para Bersabéia. Nessa noite, Javé apareceu a ele e disse: "Eu sou o Deus do seu pai Abraão. Não tenha medo, pois estou com você. Eu o abençoarei, e multiplicarei seus descendentes, em atenção ao meu servo Abraão". Isaac levantou aí um altar, invocou o nome de Javé, e armou sua tenda. E seus servos começaram a cavar um poço. 

Quando Esaú completou quarenta anos, tomou como esposas Judite, filha de Beeri, o heteu, e Basemat, filha de Elon, o heteu. Elas se tornaram amargura para Isaac e Rebeca. 

Jacó aproximou-se de seu pai Isaac, que o apalpou e disse: "A voz é de Jacó, mas os braços são de Esaú".  Isaac não reconheceu Jacó, porque os braços dele estavam peludos como os de seu irmão Esaú. Então ele o abençoou. E voltou a lhe perguntar: "Você é o meu filho Esaú?" Jacó respondeu: "Sou". Isaac continuou: "Sirva a caça, meu filho, para que eu coma e depois o abençoe". Jacó o serviu e Isaac comeu; apresentou-lhe vinho, e ele bebeu. Então seu pai Isaac lhe disse: "Meu filho, aproxime-se e me beije". Jacó se aproximou e beijou o pai, que lhe aspirou o perfume das roupas. E o abençoou, dizendo: "Sim, o perfume do meu filho é como o perfume de um campo fértil que Javé abençoou. Que Deus dê a você o orvalho do céu e a fertilidade da terra, trigo e vinho em abundância. Que os povos o sirvam e as nações se prostrem diante de você. Seja um senhor para seus irmãos, e os filhos de sua mãe se prostrem diante de você. Maldito seja quem amaldiçoar você; e bendito seja quem o abençoar". 

Logo que Isaac acabou de abençoar Jacó e este saiu de junto de seu pai, o irmão Esaú voltava da caça. Ele também preparou um prato saboroso e o levou a seu pai. E lhe disse: "Que meu pai se levante e coma da caça de seu filho, e depois me abençoe". Seu pai Isaac lhe perguntou: "Quem é você?" Ele respondeu: "Sou Esaú, seu filho primogênito!" Então Isaac estremeceu emocionado, e disse: "Então, quem foi que veio e me trouxe a caça? Eu a comi antes que você chegasse e o abençoei, e abençoado ele ficará". Quando Esaú ouviu as palavras de seu pai, deu um forte grito e, cheio de amargura, disse ao pai: "Abençoe-me também, meu pai!" Mas Isaac respondeu: "Seu irmão veio com astúcia e tomou a bênção que cabia a você".    Esaú disse: "Com razão ele se chama Jacó: é a segunda vez que ele me engana! Tirou o meu direito de primogenitura e agora roubou a minha bênção". E acrescentou: "O senhor não reservou nenhuma bênção para mim?" Isaac respondeu a Esaú: "Eu tornei Jacó senhor de você, dei-lhe todos os seus irmãos como servos e lhe garanti trigo e vinho. Que posso fazer por você agora, meu filho?"  Esaú disse ao pai: "O Senhor tem só uma bênção, meu pai? Abençoe também a mim, meu pai!" Isaac ficou em silêncio e Esaú chorou em voz alta. Isaac então lhe disse: "A sua morada será longe da terra fértil e sem o orvalho que desce do céu. Você viverá da sua espada e servirá a seu irmão. Mas quando você se revoltar, sacudirá o jugo do seu pescoço". 

O preço de uma trapaça -*    Esaú começou a odiar Jacó, por causa da bênção que seu pai havia dado a ele. E dizia a si mesmo: "Quando chegar o luto por meu pai, vou matar meu irmão Jacó".  Contaram a Rebeca o que seu filho mais velho Esaú andava dizendo. Então ela mandou chamar Jacó, o filho mais novo, e lhe disse: "Seu irmão Esaú quer matar você para vingar-se. Portanto, meu filho, ouça bem: fuja para Harã, junto de meu irmão Labão. Fique com ele algum tempo, até que passe a raiva do seu irmão, até que a cólera do seu irmão se desvie de você e ele esqueça o que você lhe fez. Depois eu mandarei buscar você. Não quero perder os meus dois filhos num só dia". 

 Isaac chamou Jacó, o abençoou e lhe deu esta ordem: "Não se case com mulher cananéia. Vá até Padã-Aram, à casa de Batuel, seu avô materno, e escolha uma mulher de lá, entre as filhas de Labão, seu tio materno. Que o Deus Todo-poderoso o abençoe e torne você fecundo e o multiplique, a fim de que você se torne uma assembléia de povos. Que ele conceda a você e à sua descendência a bênção de Abraão, a fim de que você possua a terra onde está vivendo e que Deus deu a Abraão". Isaac despediu Jacó, e este partiu para Padã-Aram, para a casa de Labão, filho do arameu Batuel, e irmão de Rebeca, mãe de Jacó e Esaú. 

A essência da religião -*  Jacó deixou Bersabéia e partiu para Harã. Chegou a certo lugar e resolveu passar a noite aí, porque o sol já se havia posto. Jacó pegou uma pedra do lugar, colocou-a sob a cabeça, e dormiu.    Teve então um sonho: Uma escada se erguia da terra e chegava até o céu, e anjos de Deus subiam e desciam por ela.  Javé estava de pé, no alto da escada, e disse a Jacó: "Eu sou Javé, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaac. A terra sobre a qual você dormiu, eu a entrego a você e à sua descendência. Sua descendência se tornará numerosa como a poeira do chão, e você ocupará o oriente e o ocidente, o norte e o sul. E todas as nações da terra serão abençoadas por meio de você e da sua descendência. Eu estou com você e o protegerei em qualquer lugar aonde você for. Depois eu o farei voltar a esta terra, pois nunca o abandonarei, até cumprir o que prometi"

Labão disse a Jacó: "O fato de ser parente meu não é motivo para que você me sirva de graça. Diga-me qual deve ser o seu salário". Ora, Labão tinha duas filhas: a mais velha se chamava Lia e a mais nova Raquel. Os olhos de Lia eram meigos, porém, Raquel tinha um belo porte e um lindo rosto. E Jacó amou Raquel. Então Jacó disse a Labão: "Eu o servirei durante sete anos em troca de sua filha mais nova, Raquel". Labão respondeu: "É melhor dá-la a você do que a outro qualquer. Fique comigo". 

Quando Raquel deu à luz José, Jacó disse a Labão: "Deixe-me partir para nosso lugar e nosso país. Dê minhas mulheres, pelas quais eu servi a você, e meus filhos, que eu irei embora, pois você sabe o quanto eu o servi". Labão lhe disse: "Que pena! Fiquei sabendo por um oráculo que Javé me abençoou por causa de você".  

Javé disse a Jacó: "Volte para a terra de seus pais, para a sua pátria, e eu estarei com você". 

Peso de uma culpa antiga -* Jacó enviou na frente mensageiros a seu irmão Esaú, no país de Seir, no campo de Edom.  Deu esta ordem a eles: "Vocês falarão deste modo ao meu senhor Esaú: Assim fala seu servo Jacó: Vivi com Labão e estive com ele até agora.    Adquiri bois e jumentos, ovelhas, servos e servas. Envio esta mensagem ao meu senhor para alcançar o seu favor". 

Os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: "Fomos até seu irmão Esaú e ele próprio vem vindo ao encontro de você com quatrocentos homens". Jacó ficou cheio de medo e angústia. 

E Jacó passou a noite nesse lugar. De tudo o que possuía, Jacó separou um presente para o seu irmão Esaú:  Ele os entregou a seus servos em rebanhos separados, e disse a eles: "Vão na minha frente e deixem espaço entre os rebanhos".    

Luta com Deus -* Nessa noite, Jacó se levantou, pegou suas duas mulheres, suas duas servas, seus onze filhos e atravessou o vau do Jaboc. Jacó os pegou e os fez atravessar a torrente, com tudo o que possuía. E Jacó ficou sozinho. Um homem lutou com Jacó até o despertar da aurora. Vendo que não conseguia dominá-lo, o homem tocou a coxa dele, de modo que o tendão da coxa de Jacó se deslocou enquanto lutava com ele. Então o homem disse: "Solte-me, pois a aurora está chegando". Jacó respondeu: "Não o soltarei, enquanto você não me abençoar".  O homem lhe perguntou: "Qual é o seu nome?" Ele respondeu: "Jacó". O homem continuou: "Você já não se chamará Jacó, mas Israel, porque você lutou com Deus e com homens, e você venceu". Jacó lhe perguntou: "Diga-me o seu nome". Mas ele respondeu: "Por que você quer saber o meu nome?" E aí mesmo o abençoou. 

Jacó deu a esse lugar o nome de Fanuel, dizendo: "Eu vi Deus face a face e continuei vivo".  Ao nascer do sol, Jacó atravessou Fanuel e mancava por causa da coxa.  Por isso, até hoje os israelitas não comem o nervo ciático, que está na articulação da coxa: é porque aquele homem feriu Jacó na articulação da coxa, no nervo ciático. 

Lição de fraternidade -* Erguendo os olhos, Jacó viu que Esaú estava chegando com os quatrocentos homens.  Então ele foi na frente de todos e prostrou-se por terra sete vezes antes de chegar até seu irmão. Esaú, porém, correu ao seu encontro, o abraçou e beijou e o apertou junto ao peito. E ambos começaram a chorar. Esaú, erguendo os olhos, viu as mulheres e as crianças. E perguntou: "Quem são esses que estão com você?" Jacó respondeu: "São os filhos com que Deus presenteou o seu servo".  

Ao voltar de Padã-Aram, Deus apareceu de novo a Jacó e o abençoou, dizendo: "Seu nome é Jacó, mas você não se chamará mais Jacó: seu nome será Israel". E lhe deu o nome de Israel. Deus acrescentou: "Eu sou o Deus Todo-poderoso: seja fecundo e multiplique-se. De você nascerá uma nação, uma assembléia de nações, e de suas entranhas sairão reis. Entrego a você a terra que dei a Abraão e Isaac; darei essa terra a vocês e a seus descendentes". Depois que Deus se retirou de junto dele, Jacó ergueu uma estela de pedra no lugar em que havia falado com Deus. Depois fez sobre ela uma libação e a ungiu com óleo. E Jacó deu o nome de Betel ao lugar onde Deus lhe havia falado. 

Isaac viveu cento e oitenta anos, e morreu. Morreu e se reuniu com seus parentes, velho e com muitos anos. Seus filhos Esaú e Jacó o enterraram. 

Um povo irmão -* Descendentes de Esaú, que é Edom.  Esaú é o antepassado de Edom. 





José do Egito


José tinha dezessete anos e pastoreava o rebanho com seus irmãos. Ajudava os filhos de Bala e Zelfa, mulheres de seu pai.  José era o preferido de Israel.

Um dia, José teve um sonho e o contou a seus irmãos, que ficaram com mais raiva dele. José disse aos irmãos: "Escutem o sonho que eu tive. Estávamos atando feixes no campo; meu feixe se levantou e ficou de pé e os feixes de vocês o rodearam e se prostraram diante dele". Os irmãos lhe perguntaram: "Será que você está querendo ser nosso rei ou dominar-nos como senhor?" E eles ficaram com mais raiva ainda, por causa dos sonhos que José lhes contava. E José teve mais um sonho que contou a seus irmãos: "Tive outro sonho: o sol, a lua e onze estrelas se prostravam diante de mim". Ele contou o sonho a seu pai e aos irmãos. Então o pai o repreendeu, dizendo: "Que sonho é esse que você teve? Quer dizer que eu, sua mãe e seus irmãos vamos prostrar-nos por terra diante de você?" Os irmãos ficaram com ciúmes de José, enquanto o pai meditava sobre o assunto. 

Então José foi à procura de seus irmãos e os encontrou em Dotain. Os irmãos o viram de longe e, antes que se aproximasse, começaram a planejar a morte dele. Disseram entre si: "Aí vem o sonhador! Vamos matá-lo e jogá-lo num poço. Diremos que um animal feroz o devorou. Veremos, então, para que servem seus sonhos". 
Rúben ouviu isso e procurou salvar José das mãos deles. Rúben disse: "Não vamos matá-lo". E continuou: "Não derramem sangue. Joguem o rapaz nesse poço do deserto, mas não levantem a mão contra ele". 
Quando passaram alguns mercadores madianitas, estes retiraram José do poço, e depois venderam José aos ismaelitas por vinte moedas de prata, e estes o levaram para o Egito. 

De luto por meu filho descerei ao túmulo". E seu pai chorou por ele. 

Os madianitas no Egito venderam José para Putifar, ministro e chefe da guarda do Faraó. 

Javé está com José -* Quando levaram José para o Egito, o egípcio Putifar, ministro e chefe da guarda do Faraó, o comprou dos ismaelitas, que o tinham levado para lá.  Javé estava com José e lhe deu sorte, de modo que o deixaram na casa de seu amo egípcio. Vendo que Javé estava com José e que fazia prosperar tudo o que ele empreendia, seu amo teve grande afeição por ele e o colocou a seu serviço pessoal: fez dele seu administrador, confiando-lhe tudo o que possuía. Desde que José foi colocado como administrador da casa e de tudo o que pertencia a Putifar, Javé abençoou a casa do egípcio em consideração a José: a bênção de Javé atingiu tudo o que o egípcio possuía, em casa e no campo. Putifar entregou tudo nas mãos de José, sem preocupar-se com outra coisa, a não ser com o pão que comia. José era belo de porte e tinha um rosto bonito. 

Passado algum tempo, a mulher do amo ficou de olhos caídos em José e lhe propôs: "Durma comigo". José recusou.  Então ela contou uma mesma história para seu marido: "O escravo hebreu que você trouxe aproximou-se para abusar de mim.  O marido ficou furioso mandou, então, buscar José e o atirou na prisão.

No entanto, Javé estava com José e lhe concedeu favores, atraindo para ele a simpatia do carcereiro-chefe. O carcereiro-chefe confiou a José todos os detidos que estavam na prisão. Era José quem organizava tudo o que aí se fazia. O carcereiro-chefe não se preocupava com nada do que lhe fora confiado, porque Javé estava com José e fazia prosperar tudo o que este empreendia. 

Certa noite, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam na prisão, tiveram um sonho, cada qual com o seu significado.  José perguntou: "Por que vocês estão de cara triste?" Eles responderam: "É que tivemos um sonho e não há ninguém para interpretá-lo". José replicou: "É Deus quem pode interpretar. Contem os sonhos".

Providência de Deus e previdência do homem -* Dois anos depois, o Faraó teve um sonho: estava de pé, junto ao rio Nilo,  e viu subir do Nilo sete vacas bonitas e gordas, que pastavam na invernada. Atrás delas, subiram do rio outras sete vacas, feias e magras, que se puseram ao lado das primeiras na margem do rio. Então as vacas feias e magras devoraram as sete vacas gordas e bonitas. Nisso, o Faraó acordou. 

O Faraó tornou a dormir, e teve outro sonho: sete espigas brotavam do mesmo talo, granadas e bonitas. E atrás delas nasceram sete espigas mirradas e ressequidas. Aí, as espigas mirradas devoraram as sete espigas granadas e graúdas. Então o Faraó acordou: tivera um sonho. 

Pela manhã, o Faraó estava perturbado e chamou todos os magos e sábios do Egito. Contou-lhes o sonho que tivera, mas ninguém foi capaz de interpretá-lo.    Então o chefe dos copeiros disse ao Faraó... E depois aconteceu exatamente como ele havia interpretado. 

Então o Faraó mandou chamar José. E o tiraram depressa da prisão; ele se barbeou, mudou de roupa e se apresentou ao Faraó. O Faraó disse a José: "Tive um sonho e ninguém sabe interpretá-lo. Ouvi dizer que você ouve um sonho e sabe interpretá-lo". José respondeu ao Faraó: "Quem sou eu? É Deus quem dará uma resposta favorável ao Faraó". 

Então o Faraó contou a José: "Sonhei que estava de pé na margem do rio Nilo. Do rio subiam sete vacas gordas e bonitas que pastavam na invernada. Atrás delas subiram outras sete, cansadas, feias e magras, tão feias como nunca vi no Egito. Aí, as vacas magras e feias devoraram as sete primeiras, as vacas gordas. Depois que as devoraram, não parecia que as tinham devorado, porque a aparência delas continuava tão feia como antes. Então acordei. Depois, tive outro sonho: sete espigas subiam do mesmo talo, e eram cheias e bonitas. Atrás delas nasceram sete espigas secas, mirradas e queimadas. Aí, as espigas mirradas devoraram as sete espigas bonitas. Eu contei isso aos magos, e ninguém foi capaz de interpretar". 

José disse ao Faraó: "Trata-se de um sonho único. Deus está anunciando ao Faraó o que ele vai realizar. As sete vacas bonitas representam sete anos e as sete espigas bonitas representam sete anos. É o mesmo sonho. As sete vacas magras e feias, que sobem logo em seguida, representam sete anos; e também as sete espigas mirradas e queimadas: é que haverá sete anos de fome. É como eu disse ao Faraó: Deus está mostrando ao Faraó o que ele vai realizar. Virão sete anos em que haverá grande abundância em toda a terra do Egito; depois, virão sete anos de fome, que farão esquecer a abundância na terra do Egito. A fome esgotará a terra, e ninguém mais saberá o que era a abundância na terra, por causa da fome que virá depois, pois ela será duríssima. E se o sonho do Faraó se repetiu duas vezes é porque o fato está bem decidido por parte de Deus, e Deus logo o realizará. Agora, portanto, que o Faraó escolha um homem inteligente e sábio, e o coloque à frente do Egito. Que o Faraó, agindo, institua funcionários no país, tome a quinta parte dos produtos da terra do Egito, durante os sete anos de abundância. Que eles reúnam todos os víveres desses anos bons que virão, armazenem o trigo sob a autoridade do Faraó e guardem os víveres nas cidades. Esses víveres servirão de reserva para o país, quando chegarem os sete anos de fome. Desse modo, a terra do Egito não será exterminada pela fome. 

O povo é salvo da fome -* O conselho de José agradou ao Faraó e a todos os seus ministros. Então, o Faraó disse aos ministros: "Poderão, por acaso, encontrar um homem como este, em quem esteja o Espírito de Deus?" Então o Faraó disse a José: "Visto que Deus revelou tudo isso a você, não há ninguém tão inteligente e sábio como você. Você será o administrador do meu palácio, e todo o povo obedecerá às suas ordens. Só pelo trono serei maior do que você". E o Faraó continuou: "Veja! Eu coloco você à frente de todo o país".

Durante os sete anos de abundância, o país teve superprodução. E José reuniu todos os víveres dos sete anos de abundância na terra do Egito e armazenou os víveres nas cidades, colocando em cada cidade os víveres dos campos da redondeza. José armazenou trigo como areia do mar: a quantidade era tal que se renunciou a medi-lo, porque ultrapassava qualquer medida. 

Acabaram os sete anos de abundância na terra do Egito, e chegaram os sete anos de fome, como José havia anunciado. Houve então fome por toda parte, e só no Egito havia pão. Depois chegou a fome em todo o Egito; e o povo, com grandes gritos, pediu pão ao Faraó. Então o Faraó disse a todos os egípcios: "Vão a José, e façam o que ele disser a vocês". Quando a fome cobriu toda a terra, José abriu os armazéns de trigo e vendeu mantimento aos egípcios, enquanto no Egito a fome se alastrava. De todos os países ia muita gente ao Egito para comprar mantimentos de José, porque a fome se agravou por toda a terra. 

Um teste de fraternidade -* Jacó soube que havia mantimentos no Egito, e disse a seus filhos: "Vocês, o que estão esperando? Eu soube que no Egito há mantimentos para vender. Vão até lá e comprem mantimentos para nós, a fim de continuarmos vivos e não morrermos". Dez dos irmãos de José desceram, então, ao Egito para comprar trigo. Jacó não deixou que Benjamim, irmão de José, fosse com seus irmãos, pois temia que lhe acontecesse alguma desgraça. Os filhos de Israel foram com outros forasteiros comprar mantimentos, pois havia fome em Canaã. 

José tinha autoridade no país e era ele quem vendia os mantimentos para todo mundo. Os irmãos de José chegaram e se prostraram diante dele com o rosto por terra. Ao ver seus irmãos, José logo os reconheceu, mas não se deu a conhecer, e lhes falou duramente: "De onde vocês vêm?" Eles responderam: "Da terra de Canaã, para comprar provisões". 

Vou colocá-los à prova: pela vida do Faraó, vocês não sairão daqui se primeiro não me trouxerem o seu irmão mais novo. Mandem um de vocês buscar seu irmão, enquanto os outros ficarão presos. 

Chegando em casa de Jacó, na terra de Canaã, contaram ao pai tudo o que havia acontecido com eles.

Então eles tomaram consigo os presentes, dinheiro em dobro e Benjamim, desceram ao Egito e se apresentaram a José. 

Erguendo os olhos, José viu seu irmão Benjamim, filho de sua mãe, e perguntou: "É este o irmão mais novo, de quem vocês me falaram?" E disse a Benjamim: "Que Deus lhe conceda graça, meu filho". Em seguida, José saiu depressa, porque ficou comovido por seu irmão, e as lágrimas lhe vinham aos olhos. Entrou em seu quarto, e chorou. Depois lavou o rosto, voltou e, contendo-se, ordenou: "Sirvam o almoço".  

Deus age através das situações -* Nesse momento, José não pôde mais se conter na presença de sua corte, e ordenou: "Saiam todos!" E não havia mais ninguém, quando José se deu a conhecer a seus irmãos: começou a chorar tão alto que todos os egípcios ouviram, e a notícia chegou à casa do Faraó. 

José disse aos irmãos: "Eu sou José! Meu pai ainda está vivo?" Seus irmãos, espantados, ficaram sem resposta. Então José disse aos irmãos: "Cheguem mais perto de mim!" Eles se aproximaram. José continuou: "Eu sou José, o irmão de vocês, aquele que vocês venderam para o Egito. Mas agora, não fiquem tristes nem se aflijam porque me venderam para este país, pois foi para lhes preservar a vida que Deus me enviou na frente de vocês. De fato, há dois anos que a fome se 
instalou no país e ainda haverá cinco anos sem semeadura e sem colheita. Deus me enviou na frente de vocês, para que possam sobreviver neste país, salvando a vida para uma libertação maravilhosa. Portanto, não foram vocês que me mandaram para cá. Foi Deus. Ele me tornou ministro do Faraó, administrador de todo o palácio e governador de todo o Egito. Subam depressa à casa do meu pai e digam a ele: ‘Assim fala seu filho José: Deus me tornou senhor de todo o Egito. Desça sem demora para junto de mim; o senhor habitará na terra de Gessen e ficará comigo: o senhor, seus filhos, netos, ovelhas, bois e tudo o que lhe pertence. Aí eu o sustentarei, a fim de que não falte mais nada ao senhor, à sua família e a tudo o que possui, pois a fome ainda vai durar cinco anos. Vocês estão vendo com os próprios olhos, e Benjamim também está vendo, que sou eu quem lhes fala pessoalmente. Contem a meu pai todo o poder que tenho no Egito e tudo o que vocês viram, e tragam logo o meu pai para cá". 

Então José abraçou seu irmão Benjamim e chorou. Benjamim também chorou abraçado a ele. Em seguida, José cobriu de beijos todos os irmãos e, abraçando-os, chorava. Só então seus irmãos começaram a conversar com ele. 

A notícia de que os irmãos de José estavam no país chegou até o palácio do Faraó, e o Faraó e seus ministros se alegraram. O Faraó disse a José: "Diga a seus irmãos que carreguem os burros e voltem para a terra de Canaã. Tomem o pai e as famílias de vocês e voltem para cá. Eu lhes darei a melhor terra do Egito, e eles poderão comer os melhores produtos do país. Mande-os que levem do Egito carros para transportar as crianças, as mulheres e seu pai, e venham para cá. Não se preocupem com o que deixarem, pois tudo o que houver de melhor na terra do Egito pertencerá a eles". 

Então eles subiram do Egito e chegaram à terra de Canaã, na casa de seu pai Jacó.    E deram a notícia ao pai: "José está vivo e é o governador de toda a terra do Egito". Mas o pai ficou perplexo, pois não era capaz de acreditar. Entretanto, quando eles repetiram tudo o que José lhes dissera e quando ele viu os carros que José tinha mandado para buscá-lo, o coração de Jacó, seu pai, se reanimou. E Israel disse: "Agora chega! Meu filho José ainda está vivo. Vou vê-lo antes de morrer". 

Israel imigrante no Egito -* Israel partiu levando tudo o que possuía. Chegando a Bersabéia, ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaac. Aí, numa visão noturna, Deus disse a Israel: "Jacó! Jacó!" Ele respondeu: "Aqui estou". Deus continuou: "Eu sou El, o Deus de seu pai. Não tenha medo de descer ao Egito, porque lá farei de você uma grande nação. Eu descerei com você ao Egito e o farei voltar de lá. E José lhe fechará os olhos". 

Jacó partiu de Bersabéia, e os filhos de Israel fizeram seu pai Jacó, seus netos e suas mulheres subirem nos carros que o Faraó mandara para buscá-los.Tomaram seus rebanhos e tudo o que haviam adquirido na terra de Canaã, e foram para o Egito, Jacó e todos os seus descendentes com ele: filhos e netos, filhas e netas e todos os seus descendentes, ele os levou consigo para o Egito. 

Quando Jacó e seus filhos chegaram ao Egito, o Faraó, rei do Egito, ficou sabendo, e disse a José: "Seu pai e seus irmãos vieram encontrá-lo. a A terra do Egito está à disposição de você: instale seu 
pai e seus irmãos na melhor região".  

Quando se acabou o dinheiro da terra do Egito e da terra de Canaã, todos os egípcios foram a José, pedindo: "Dê-nos pão ou morreremos aqui mesmo, porque se acabou o nosso dinheiro". Então José falou: "Se o dinheiro de vocês acabou, tragam rebanhos, e eu lhes darei pão em troca de seus rebanhos". Eles então levaram seus rebanhos a José, e este lhes deu pão em troca de cavalos, ovelhas, bois e jumentos. E nesse ano José sustentou-os com pão em troca de seus rebanhos.

Passado esse ano, eles voltaram a José no ano seguinte, dizendo: "Não podemos esconder isso ao senhor: nosso dinheiro, o rebanho e os animais já pertencem ao senhor. Só nos resta oferecer ao senhor nossos corpos e nossos campos. Por que iríamos perecer em sua presença, nós e nosso terreno? Compre, portanto, a nós e nosso terreno em troca de pão, e nós e nossos terrenos seremos servos do Faraó. Dê-nos sementes a fim de continuarmos vivos e não morrermos, e que o nosso terreno não fique deserto". 

Então José comprou para o Faraó todos os terrenos do Egito, pois os egípcios, forçados pela fome, venderam seus terrenos. Desse modo, todo o país tornou-se propriedade do Faraó. Quanto aos homens, o Faraó os tornou escravos de uma extremidade à outra do território do Egito. Somente as terras dos sacerdotes não foram compradas, pois os sacerdotes recebiam uma renda do Faraó e viviam dessa renda que o Faraó lhes dava. Por isso, não precisaram vender suas terras. 

José disse ao povo: "Hoje eu comprei vocês e seus terrenos para o Faraó. Aqui estão as sementes para semear nos terrenos. Quando chegar a colheita, vocês deverão dar a quinta parte para o Faraó; as outras quatro partes servirão para semear e para alimentar vocês, suas famílias e seus filhos. Eles responderam: "O senhor salvou nossa vida! Alcançamos o seu favor e nos tornaremos escravos do Faraó". José fez disso uma lei, que ainda hoje vale para todos os terrenos do Egito: a quinta parte da produção pertence ao Faraó. Somente as terras dos sacerdotes não se tornaram propriedade do Faraó. 

Depois, morreu José, assim como seus irmãos e toda essa geração. Os filhos de Israel se tornavam fecundos e se multiplicavam; tornaram-se cada vez mais numerosos e poderosos, a tal ponto que o país ficou repleto deles. 





Moisés


Subiu ao trono do Egito um novo rei que não tinha conhecido José. Ele disse ao seu povo: "Vejam! O povo dos filhos de Israel está se tornando mais numeroso e poderoso do que nós. Vamos vencê-los com astúcia, para impedir que eles se multipliquem; do contrário, em caso de guerra, eles se aliarão com o inimigo, nos atacarão e depois sairão do país". Então impuseram sobre Israel capatazes, que os exploravam em trabalhos forçados.Contudo, quanto mais oprimiam o povo, mais ele crescia e se multiplicava. Os filhos de Israel começaram a se tornar um pesadelo para os egípcios. Por isso, os egípcios impuseram sobre eles trabalhos duros, e lhes amargaram a vida com dura escravidão.

Nesse momento, a filha do Faraó desceu para tomar banho no rio, enquanto suas servas andavam pela margem. Ela viu o cesto entre os juncos e mandou a criada apanhá-lo. Ao abrir o cesto, viu a criança: era um menino que chorava.  
Quando o menino cresceu, a mulher o entregou à filha do Faraó, que o adotou e lhe deu o nome de Moisés, dizendo: "Eu o tirei das águas". 
Passaram os anos. Moisés cresceu e saiu para ver seus irmãos. E notou que eram submetidos a trabalhos forçados. 

Muito tempo depois, o rei do Egito morreu. Os filhos de Israel gemiam sob o peso da escravidão, e clamaram; e do fundo da escravidão, o seu clamor chegou até Deus. Deus ouviu as queixas deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaac e Jacó. Deus viu a condição dos filhos de Israel e a levou em consideração. 

Moisés estava pastoreando o rebanho e chegou ao Horeb, a montanha de Deus. O anjo de Javé apareceu a Moisés numa chama de fogo do meio de uma sarça. Moisés prestou atenção: a sarça ardia no fogo, mas não se consumia. Então Moisés pensou: "Vou chegar mais perto e ver essa coisa estranha: por que será que a sarça não se consome?" Javé viu Moisés que se aproximava para olhar. E do meio da sarça Deus o chamou: "Moisés, Moisés!" Ele respondeu: "Aqui estou".    Deus disse: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, porque o lugar onde você está pisando é um lugar sagrado". E continuou: "Eu sou o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó". Então Moisés cobriu o rosto, pois tinha medo de olhar para Deus. 

Javé disse: "Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos.    Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel, o território dos cananeus, heteus, amorreus, ferezeus, heveus e jebuseus. O clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e eu estou vendo a opressão com que os egípcios os atormentam. Por isso, vá. Eu envio você ao Faraó, para tirar do Egito o meu povo, os filhos de Israel". 

O nome de Deus -* Então Moisés disse a Deus: "Quem sou eu para ir até o Faraó e tirar os filhos de Israel lá do Egito?" Deus respondeu: "Eu estou com você, e este é o sinal de que eu o envio: quando você tirar o povo do Egito, vocês vão servir a Deus nesta montanha". 







Catecismo da Igreja Católica

Adão, durante sua longa vida de 930 anos, teve muitos outros filhos e filhas, que se multiplicaram e pouco a pouco povoaram a terra.

A Providência concedia-lhes longuíssima vida para que ensinassem a seus descendentes a Religião revelada e para que, velando sobre a fiel tradição das divinas promessas, perpetuassem a fé no futuro Messias.

359. «Na realidade, só no mistério do Verbo Encarnado é que verdadeiramente se esclarece o mistério do homem» (221):«São Paulo ensina-nos que dois homens estão na origem do género humano: Adão e Cristo. [...] O primeiro Adão, diz ele, foi criado como um ser humano que recebeu a vida; o segundo é um ser espiritual que dá a vida. O primeiro foi criado pelo segundo, de Quem recebeu a alma que o faz viver. [...] O segundo Adão gravou a sua imagem no primeiro, quando o modelou. Por isso, veio a assumir a sua função e o seu nome, para que não se perdesse aquele que fizera à sua imagem. Primeiro e último Adão: o primeiro teve princípio; o último não terá fim. Por isso é que o último é verdadeiramente o primeiro, como Ele mesmo diz: "Eu sou o Primeiro e o Último"» (222).

375. A Igreja, interpretando de modo autêntico o simbolismo da linguagem bíblica à luz do Novo Testamento e da Tradição, ensina que os nossos primeiros pais, Adão e Eva, foram constituídos num estado de santidade e de justiça originais (246). Esta graça da santidade original era uma participação na vida divina (247).

376. Todas as dimensões da vida do homem eram fortalecidas pela irradiação desta graça. Enquanto permanecesse na intimidade divina, o homem não devia nem morrer (248), nem sofrer (249). A harmonia interior da pessoa humana, a harmonia entre o homem e a mulher (250), enfim, a harmonia entre o primeiro casal e toda a criação, constituía o estado dito «de justiça original».

377. O «domínio» do mundo, que Deus tinha concedido ao homem desde o princípio, realizava-se, antes de mais, no próprio homem como domínio de si. O homem era integrado e ordenado em todo o seu ser, porque livre da tríplice concupiscência (251),que o sujeita aos prazeres dos sentidos, à ambição dos bens terrenos e à afirmação de si contra os imperativos da razão.

378. Sinal da familiaridade com Deus é o facto de Deus o colocar no jardim (252). Ali vive «a fim de o cultivar e guardar» (Gn 2, 15): o trabalho não é um castigo (253), mas a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível.

379. Toda esta harmonia da justiça original, prevista para o homem pelo plano de Deus, será perdida pelo pecado dos nossos primeiros pais.

399. A Escritura refere as consequências dramáticas desta primeira desobediência: Adão e Eva perdem imediatamente a graça da santidade original (277). Têm medo daquele Deus (278) de quem se fizeram uma falsa imagem: a dum Deus ciumento das suas prerrogativas (279).

402. Todos os homens estão implicados no pecado de Adão. É São Paulo quem o afirma: «pela desobediência de um só homem, muitos [quer dizer, a totalidade dos homens] se tornaram pecadores» (Rm 5, 19): «Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram» (Rm 5, 12). A universalidade do pecado e da morte, o Apóstolo opõe a universalidade da salvação em Cristo: «Assim como, pelo pecado de um só, veio para todos os homens a condenação, assim também, pela obra de justiça de um só [Cristo], virá para todos a justificação que dá a vida» (Rm 5, 18).

403. Depois de São Paulo, a Igreja sempre ensinou que a imensa miséria que oprime os homens, e a sua inclinação para o mal e para a morte não se compreendem sem a ligação com o pecado de Adão e o facto de ele nos ter transmitido um pecado de que todos nascemos infectados e que é «morte da alma» (292). A partir desta certeza de fé, a Igreja confere o Baptismo para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer pecado pessoal (293).

404. Como é que o pecado de Adão se tornou o pecado de todos os seus descendentes? Todo o género humano é, em Adão, «sicut unum corpus unius hominis– como um só corpo dum único homem» (294). Em virtude desta «unidade do génerohumano», todos os homens estão implicados no pecado de Adão, do mesmo modo que todos estão implicados na justificação de Cristo. Todavia, a transmissão do pecado original é um mistério que nós não podemos compreender plenamente. Mas sabemos, pela Revelação, que Adão tinha recebido a santidade e a justiça originais, não só para si, mas para toda a natureza humana; consentindo na tentação, Adão e Eva cometeram um pecado pessoal, mas este pecado afecta a natureza humana que eles vão transmitir num estado decaído (295). É um pecado que vai ser transmitido a toda a humanidade por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada da santidade e justiça originais. E é por isso que o pecado original se chama «pecado» por analogia: é um pecado «contraído» e não «cometido»; um estado, não um acto.

405. Embora próprio de cada um (296), o pecado original não tem, em qualquer descendente de Adão, carácter de falta pessoal. É a privação da santidade e justiça originais, mas a natureza humana não se encontra totalmente corrompida: está ferida nas suas próprias forças naturais, sujeita à ignorância, ao sofrimento e ao império da morte, e inclinada ao pecado (inclinação para o mal, que se chama concupiscência). O Baptismo, ao conferir a vida da graça de Cristo, apaga o pecado original e reorienta o homem para Deus, mas as consequências para a natureza, enfraquecida e inclinada para o mal, persistem no homem e convidam-no ao combate espiritual.

406. A doutrina da Igreja sobre a transmissão do pecado original foi definida sobretudo no século V, particularmente sob o impulso da reflexão de Santo Agostinho contra o pelagianismo, e no século XVI, por oposição à Reforma protestante. Pelágio sustentava que o homem podia, pela força natural da sua vontade livre, sem a ajuda necessária da graça de Deus, levar uma vida moralmente boa; reduzia a influência do pecado de Adão à de um simples mau exemplo. Os primeiros reformadores protestantes, pelo contrário, ensinavam que o homem estava radicalmente pervertido e a sua liberdade anulada pelo pecado das origens: identificavam o pecado herdado por cada homem com a tendência para o mal («concupiscência»), a qual seria invencível. A Igreja pronunciou-se especialmente sobre o sentido do dado revelado, quanto ao pecado original, no segundo Concílio de Orange em 529 (297) e no Concílio de Trento em 1546 (298).

539. Os evangelistas indicam o sentido salvífico deste acontecimento misterioso, Jesus é o Novo Adão, que Se mantém fiel naquilo em que o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpre perfeitamente a vocação de Israel: contrariamente aos que outrora, durante quarenta anos, provocaram a Deus no deserto (264), Cristo revela-Seo Servo de Deus totalmente obediente à vontade divina. Nisto, Jesus vence o Diabo: «amarrou o homem forte», para lhe tirar os despojos (265). A vitória de Jesus sobre o tentador, no deserto, antecipa a vitória da paixão, suprema obediência do seu amor filial ao Pai.

58. A aliança com Noé permanece em vigor enquanto durar o tempo das nações (15), até à proclamação universal do Evangelho. A Bíblia venera algumas grandes figuras das «nações», como «o justo Abel», o rei e sacerdote Melquisedec (16), figura de Cristo (17), ou os justos «Noé, Danel e Job» (Ez 14, 14). Deste modo, a Escritura exprime o alto grau de santidade que podem atingir os que vivem segundo a aliança de Noé, na expectativa de que Cristo «reúna, na unidade, todos os filhos de Deus dispersos» (Jo 11, 52).

401. A partir deste primeiro pecado, uma verdadeira «invasão» de pecado inunda o mundo: o fratricídio cometido por Caim na pessoa de Abel (288)

2569. Antes de mais, é a partir das realidades da criação que a oração se vive. Os nove primeiros capítulos do Génesis descrevem esta relação com Deus como oferta das primeiras crias do rebanho por Abel (5), como invocação do nome divino por Henoc (6), como «caminhada com Deus» (7). A oferenda de Noé é «agradável» a Deus que o abençoa e, através dele, abençoa toda a criação (8) porque o seu coração éjusto e íntegro. Também ele «anda com Deus» (Gn 6, 9). Esta qualidade da oração é vivida por uma multidão de justos em todas as religiões. Na sua aliança indefectível com os seres vivos (9), Deus está sempre a chamar os homens para lhe rezarem. Mas é sobretudo a partir do nosso pai Abraão que a oração se revela no Antigo Testamento.

2570. Quando Deus o chama, Abraão parte «como o Senhor lhe tinha mandado» (Gn 12, 4). O seu coração está completamente «submetido à Palavra»: ele obedece. A escuta do coração que se decide em conformidade com Deus é essencial à oração; as palavras têm um valor relativo. Mas a oração de Abraão exprime-se, antes de mais, em actos: homem de silêncio, constrói, em cada etapa, um altar ao Senhor. Só mais tarde é que aparece a sua primeira oração por palavras: uma queixa velada que lembra a Deus as suas promessas que não parecem cumprir-se (10). Assim nos aparece, desde o princípio, um dos aspectos do drama da oração: a prova da fé na fidelidade de Deus.

2571. Tendo acreditado em Deus (11) caminhando na sua presença e em aliança com Ele (12), o patriarca está pronto para acolher na sua tenda o Hóspede misterioso: é a admirável hospitalidade de Mambré, prelúdio da Anunciação do verdadeiro Filho da promessa (13). Desde então, tendo-lhe Deus confiado o seu desígnio, o coração de Abraão fica em sintonia com a compaixão do seu Senhor pelos homens e ousa interceder por eles com uma confiança audaciosa (14).

2572. Como última purificação da sua fé, é pedido ao «depositário das promessas» (Heb 11, 17) que sacrifique o filho que Deus lhe deu. A sua fé não vacila: «Deus proverá quanto ao cordeiro para o holocausto» (Gn 22, 8),  «porque Deus, pensava ele, é capaz até de ressuscitar os mortos» (Heb 11, 19). E assim, o pai dos crentes conformou-se com a semelhança do Pai que não poupará o seu próprio Filho, mas O entregará por todos nós (15). A oração restaura o homem na semelhança com Deus e fá-lo participante no poder do amor de Deus que salva a multidão (16).

2573. Deus renova a sua promessa a Jacob, o antepassado das doze tribos de Israel (17). Antes de enfrentar o seu irmão Esaú, ele luta durante uma noite inteira com «alguém», um ser misterioso que se nega a revelar o seu nome, mas que o abençoa, antes de o deixar, ao raiar da aurora. A tradição espiritual da Igreja divisou nesta narrativa o símbolo da oração como combate da fé e vitória da perseverança (18).

2574. Quando começa a realizar-se a promessa (a Páscoa, o Êxodo, o dom da Lei e a conclusão da Aliança), a oração de Moisés é a tocante figura da oração de intercessão, que terá a sua realização no «Mediador único entre Deus e os homens, Cristo Jesus» (1 Tm 2, 5).2575. Também aqui, a iniciativa é de Deus. Ele chama Moisés do meio da sarça ardente (19). Este acontecimento ficará como uma das figuras primordiais da oração na tradição espiritual judaica e cristã. Com efeito, se «o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob» chama o seu servo Moisés, é porque Ele é o Deus vivo, que quer a vida dos homens. Revela-Se para os salvar, mas não sozinho nem apesar deles: chama Moisés para o enviar, para o associar à sua compaixão, à sua obra de salvação. Há como que uma imploração divina nesta missão e Moisés, após um longo debate, conformará a sua vontade com a de Deus salvador. Mas neste diálogo em que Deus Se confia, Moisés também aprende a orar: esquiva-se, objecta e, sobretudo, interroga. E é em resposta à sua pergunta que o Senhor lhe confia o seu Nome inefável, o qual se revelará nas suas magníficas proezas.

2576. «O Senhor falava com Moisés frente a frente, como um homem fala com o seu amigo»(Ex 33, 11). A oração de Moisés é o tipo da contemplação, graças à qual o servo de Deus se mantém fiel à sua missão. Moisés «conversa» muitas vezes e demoradamente com o Senhor, subindo à montanha para O ouvir e O implorar, descendo depois até junto do povo para lhe repetir as palavras do seu Deus e o guiar. «Eu estabeleci-o sobre toda a minha casa! Falo com ele frente a frente, à vista e não por enigmas» (Nm 12, 7-8), porque «Moisés era um homem deveras humilde, mais que todos os homens que há sobre a face da terra (Nm 12, 3).

2577. Nesta intimidade com o Deus fiel, lento em irar-Se e cheio de amor (20), Moisés hauriu a força e a tenacidade da sua intercessão. Ele não ora por si, mas pelo povo que Deus adquiriu para Si. Já durante o combate com os amalecitas (21) ou para obter a cura de Miriam (22), Moisés foi intercessor. Mas foi sobretudo após a apostasia do povo que ele «se mantém na brecha» diante de Deus (Sl 106, 23), para salvar o mesmo povo (23). Os argumentos da sua oração (a intercessão também é um combate misterioso) irão inspirar a audácia dos grandes orantes, tanto do povo judaico como da Igreja: Deus é amor e, portanto, é justo e fiel; Ele não pode contradizer-Se; há-de, por conseguinte, lembrar-Se das suas acções maravilhosas; está em jogo a sua glória; Ele não pode abandonar o povo que tem o seu nome.

2578. A oração do povo de Deus vai expandir-se à sombra da morada de Deus: a arca da aliança e, mais tarde, o templo. São, em primeiro lugar os condutores do povo – os pastores e os profetas – que o ensinarão a orar. O pequeno Samuel teve de aprender de Ana, sua mãe, o modo como devia «comportar-se na presença do Senhor» (24), e do sacerdote Eli, como devia escutar a sua Palavra: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta» (1 Sm 3, 9-10). Mais tarde, também ele conhecerá o peso e o preço da intercessão: «Longe de mim também este pecado contra o Senhor: deixar de rogar por vós! Eu vos mostrarei sempre o caminho bom e recto» (1 Sm 12, 23).

2579. David é, por excelência, o rei «segundo o coração de Deus», o pastor que ora pelo seu povo e em nome dele, aquele cuja submissão à vontade de Deus, cujo louvor e cujo arrependimento serão o modelo da oração do povo. Ungido de Deus, a sua oração é adesão fiel à promessa divina (25), confiança amorosa e alegre n'Aquele que é o único Rei e Senhor. Nos salmos, inspirado pelo Espírito Santo, David é o primeiro profeta da oração judaica e cristã. A oração de Cristo, verdadeiro Messias e Filho de David, há-de revelar e dar pleno sentido dessa oração.

2580. O templo de Jerusalém, a casa de oração que David queria construir, será obra do seu filho Salomão. A oração da Dedicação do templo (26) apoia-se na promessa de Deus e na sua aliança, na presença activa do seu nome no meio do seu povo e na memória das magníficas proezas do êxodo. O rei levanta então as mãos para o céu e suplica ao Senhor por si próprio, por todo o povo, pelas gerações futuras, pelo perdão dos seus pecados e pelas suas necessidades de cada dia, para que todas as nações saibam que Ele é o único Deus e o coração do seu povo Lhe pertença inteiramente.

2581. O templo devia ser, para o povo de Deus, o lugar da sua educação para a oração: as peregrinações, as festas, os sacrifícios, a oblação vespertina, o incenso, os «pães da proposição», todos esses sinais da santidade e da glória do Deus altíssimo e tão próximo, eram apelos e caminhos de oração. Muitas vezes, porém, o ritualismo arrastava o povo para um culto demasiadamente exterior. Faltava-lhe a educação da fé e a conversão do coração. Foi essa a missão dos profetas, antes e depois do Exílio.

2582. Elias é o pai dos profetas, da geração dos que procuram a Deus, dos que procuram a face do Deus de Jacob (27). O seu nome – «O Senhor é o meu Deus» – é prenúncio do grito do povo em resposta à sua oração no monte Carmelo (28). São Tiago remete para ele quando nos incita à oração: «Muito pode a oração persistente dum justo» (Tg 5, 16) (29).

2583. Depois de ter aprendido a misericórdia no seu retiro na torrente de Querit, ensina à viúva de Sarepta a fé na Palavra de Deus, fé que ele confirma com a sua oração insistente: Deus faz voltar à vida o filho da viúva (30).Aquando do sacrifício no monte Carmelo, prova decisiva para a fé do povo de Deus, é em resposta à sua súplica que o fogo do Senhor consome o holocausto, «à hora de oferecer o sacrifício da tarde». «Responde-me, Senhor, responde-me!» são as palavras de Elias, que as liturgias orientais retomam na epiclese eucarística (31).Finalmente, retomando o caminho do deserto em direcção ao lugar onde o Deus vivo e verdadeiro Se revelou ao seu povo, Elias recolheu-se, como Moisés, «na cavidade do rochedo», até «passar» a presença misteriosa de Deus (32). Mas será somente no monte da transfiguração que Se mostrará sem véu Aquele cuja face eles procuravam (33): o conhecimento da glória de Deus está na face de Cristo, crucificado e ressuscitado (34).

2584. É no «a sós com Deus» que os profetas vão haurir luz e força para a sua missão. A sua oração não é uma fuga do mundo infiel, mas uma escuta da Palavra de Deus, às vezes um debate ou uma queixa e sempre uma intercessão que espera e prepara a intervenção do Deus Salvador, Senhor da história (35).

56. Desfeita a unidade do género humano pelo pecado, Deus procurou imediatamente, salvar a humanidade intervindo com cada uma das suas partes. A aliança com Noé, a seguir ao dilúvio (9), exprime o princípio da economia divina em relação às «nações», quer dizer, em relação aos homens reagrupados «por países e línguas, por famílias e nações» (Gn 10, 5) (10).

57. Esta ordem, ao mesmo tempo cósmica, social e religiosa da pluralidade das nações (11), destinava-se a limitar o orgulho duma humanidade decaída, que, unânime na sua perversidade (12), pretendia refazer por si mesma a própria unidade, à maneira de Babel (13). Mas, por causa do pecado (14), quer o politeísmo quer a idolatria da nação e do seu chefe são uma contínua ameaça de perversão pagã a esta economia provisória.

58. A aliança com Noé permanece em vigor enquanto durar o tempo das nações (15), até à proclamação universal do Evangelho. A Bíblia venera algumas grandes figuras das «nações», como «o justo Abel», o rei e sacerdote Melquisedec (16), figura de Cristo (17), ou os justos «Noé, Danel e Job» (Ez 14, 14). Deste modo, a Escritura exprime o alto grau de santidade que podem atingir os que vivem segundo a aliança de Noé, na expectativa de que Cristo «reúna, na unidade, todos os filhos de Deus dispersos» (Jo 11, 52).

1080. Desde o princípio, Deus abençoa os seres vivos, especialmente o homem e a mulher. A aliança com Noé e todos os seres animados renova esta bênção de fecundidade, apesar do pecado do homem, pelo qual a terra fica «maldita». Mas é a partir de Abraão que a bênção divina penetra na história dos homens, que caminhava em direcção à morte, para a fazer regressar à vida, à sua fonte: pela fé do «pai dos crentes» que acolhe a bênção, é inaugurada a história da salvação.

59. Para reunir a humanidade dispersa, Deus escolhe Abrão, chamando-o para «deixar a sua terra, a sua família e a casa de seu pai» (Gn 12, 1), para o fazer Abraão, quer dizer, «pai de um grande número de nações» (Gn 17, 5): «Em ti serão abençoadas todas as nações da Terra» (Gn12, 3) (18).

60. O povo descendente de Abraão será o depositário da promessa feita aos patriarcas, o povo eleito (19), chamado a preparar a reunião, um dia, de todos os filhos de Deus na unidade da Igreja (20). Será o tronco em que serão enxertados os pagãos tornados crentes (21).

61. Os patriarcas, os profetas e outras personagens do Antigo Testamento foram, e serão sempre, venerados como santos em todas as tradições litúrgicas da Igreja.

1094. É com base nesta harmonia dos dois Testamentos (10) que se articula a catequese pascal do Senhor (11) e, depois, a dos Apóstolos e dos Padres da Igreja. Esta catequese desvenda o que estava oculto sob a letra do Antigo Testamento: o mistério de Cristo. É chamada «tipológica», porque revela a novidade de Cristo a partir das «figuras» (tipos) que a anunciavam nos factos, palavras e símbolos da primeira Aliança. Por esta releitura no Espírito de verdade a partir de Cristo, as figuras são desvendadas (12). Assim, o dilúvio e a arca de Noé prefiguravam a salvação pelo Baptismo (13), tal como a nuvem, a travessia do Mar Vermelho e a água do rochedo eram figura dos dons espirituais de Cristo (14); e o maná do deserto prefigurava a Eucaristia, «o verdadeiro Pão do céu» (Jo 6, 48).

1219. A Igreja viu na arca de Noé uma prefiguração da salvação pelo Baptismo. Com efeito, graças a ela, «um pequeno grupo, ao todo oito pessoas, foram salvas pela água» (1 Pe 3, 20):
«Nas águas do dilúvio, destes-nos uma imagem do Baptismo, sacramento da vida nova, porque as águas significam ao mesmo tempo o fim do pecado e o princípio da santidade» (14).

204. Deus revelou-Se progressivamente e sob diversos nomes ao seu povo; mas foi a revelação do nome divino feita a Moisés na teofania da sarça ardente, no limiar do êxodo e da Aliança do Sinai, que se impôs como sendo a revelação fundamental, tanto para a Antiga como para a Nova Aliança.

205. Do meio duma sarça que arde sem se consumir, Deus chama por Moisés. E diz-lhe: «Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob» (Ex 3, 6). Deus é o Deus dos antepassados, Aquele que tinha chamado e guiado os patriarcas nas suas peregrinações. É o Deus fiel e compassivo, que se lembra deles e das promessas que lhes fez. Ele vem para libertar da escravidão os seus descendentes. É o Deus que, para além do espaço e do tempo, pode e quer fazê-lo, e empenhará a Sua omnipotência na concretização deste desígnio. Moisés disse a Deus: «Vou então procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: " O Deus de vossos pais enviou-me a vós". Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei-de responder-lhes? Deus disse a Moisés: «Eu sou Aquele que sou». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: Aquele que tem por nome "Eu sou" é que me enviou a vós [...] ... Será este o meu nome para sempre, nome que ficará de memória para todas as gerações» (Ex 3, 13-15).

206. Ao revelar o seu nome misterioso de YHWH, «Eu sou Aquele que É», ou «Eu sou Aquele que Sou», ou ainda «Eu sou quem Eu sou», Deus diz Quem é e com que nome deve ser chamado. Este nome divino é misterioso, tal como Deus é mistério. E, ao mesmo tempo, um nome revelado e como que a recusa dum nome. É assim que Deus exprime melhor o que Ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos compreender ou dizer: Ele é o «Deus escondido» (Is 45, 15), o seu nome é inefável (7), e é o Deus que Se faz próximo dos homens.

207. Ao revelar o seu nome, Deus revela ao mesmo tempo a sua fidelidade, que é de sempre e para sempre, válida tanto para o passado («Eu sou o Deus de teu pai» – Ex 3, 6), como para o futuro («Eu estarei contigo» – Ex 3, 12). Deus, que revela o seu nome como sendo «Eu sou», revela-Se como o Deus que está sempre presente junto do seu povo para o salvar.

208. Perante a presença atraente e misteriosa de Deus, o homem descobre a sua pequenez. Diante da sarça ardente, Moisés descalça as sandálias e cobre o rosto face à santidade divina (8). Ante a glória do Deus três vezes santo, Isaías exclama: «Ai de mim, que estou perdido, pois sou um homem de lábios impuros» (Is 6, 5). Perante os sinais divinos realizados por Jesus. Pedro exclama: «Afasta-Te de mim, Senhor, porque eu sou um pecador» (Lc 5, 8). Mas porque Deus é santo, pode perdoar ao homem que se descobre pecador diante d'Ele: «Não deixarei arder a minha indignação [...]. É que Eu sou Deus, e não homem, o Santo que está no meio de vós» (Os 11, 9). E o apóstolo João dirá também: «Tranquilizaremos diante d'Ele, o nosso coração, se o nosso coração vier a acusar-nos. Pois Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas» (1 Jo 3, 19-20).

209. Por respeito pela santidade de Deus, o povo de Israel não pronuncia o seu nome. Na leitura da Sagrada Escritura, o nome revelado é substituído pelo título divino de «Senhor» («Adonai», em grego «Kyrios»). É sob este título que será aclamada a divindade de Jesus: «Jesus é o Senhor».

210. Depois do pecado de Israel, que se afastou de Deus para adorar o bezerro de ouro (9), Deus atende a intercessão de Moisés e aceita caminhar no meio dum povo infiel, manifestando deste modo o seu amor (10). A Moisés, que Lhe pede a graça de ver a sua glória. Deus responde: «Farei passar diante de ti toda a minha bondade (beleza) e proclamarei diante de ti o nome de YHWH» (Ex 33, 18-19). E o Senhor passa diante de Moisés e proclama: «O Senhor, o Senhor [YHWH, YHWH] é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade» (Ex 34, 6). Moisés confessa, então, que o Senhor é um Deus de perdão» (11).

211. O nome divino «Eu sou» ou «Ele é» exprime a fidelidade de Deus, que, apesar da infidelidade do pecado dos homens e do castigo que merece, «conserva a sua benevolência em favor de milhares de pessoas» (Ex 34, 7). Deus revela que é «rico de misericórdia» (Ef 2, 4),ao ponto de entregar o seu próprio Filho. Dando a vida para nos libertar do pecado, Jesus revelará que Ele mesmo é portador do nome divino: «Quando elevardes o Filho do Homem, então sabereis que Eu sou» (Jo 8, 28).

56) Em que estado criou Deus os nossos primeiros pais Adão e Eva? 
Deus criou Adão e Eva no estado de inocência e de graça; mas depressa o perderam, pelo pecado. 

58) Qual foi o pecado de Adão? 
O pecado de Adão foi um pecado de soberba e de grave desobediência. 

59) Qual foi o castigo do pecado de Adão e Eva? 
Adão e Eva perderam a graça de Deus e o direito que tinham ao céu, foram expulsos do Paraíso Terrestre, sujeitos a muitas misérias na alma e no corpo, e condenados a morrer. 

60) Se Adão e Eva não tivessem pecado, ficariam livres da morte? 
Se Adão e Eva não tivessem pecado, mas se se tivessem conservado fiéis a Deus, depois de  uma  permanência  feliz  e  tranqüila  neste  mundo, teriam  sido  levados  por  Deus  ao Céu, sem morrer, a gozar uma vida eterna e gloriosa. 

61) Eram estes dons devidos ao homem? Estes dons  não eram devidos por nenhum título ao homem, mas eram  absolutamente gratuitos e preternaturais; e por isso, tendo Adão desobedecido ao preceito divino, Deus pôde, sem injustiça, privar deles a Adão e a toda a sua descendência.  

62) Este pecado, é próprio somente de Adão? 
Este  pecado  não  é  só  de  Adão,  mas  é  também  nosso,  embora  por  diverso  título.  É próprio de Adão, porque ele o cometeu com um ato da sua vontade, e por isso nele foi pessoal.  É  nosso,  porque tendo  Adão  pecado  como  cabeça  e  fonte  de  todo o  gênero humano, é transmitido por geração natural a todos os seus descendentes, e por isso para nós é pecado original. 

76) Tiveram os homens algum conhecimento de Jesus Cristo antes da sua vinda? 
Sim,  os  homens  tiveram  conhecimento  de  Jesus  Cristo  antes  da  sua  vinda,  pela promessa  do  Messias,  que  Deus  fez  aos  nossos  primeiros  pais  Adão  e  Eva,  a  qual renovou  aos  santos  Patriarcas;  e  também  pelas  profecias  e  muitas  figuras  que  O designavam. 

79) Quais são as principais figuras do Redentor no Antigo Testamento? 
As principais figuras do Redentor no Antigo Testamento são o inocente Abel, o sumo sacerdote Melquisedec, o sacrifício de Isaac, José vendido pelos irmãos, o profeta Jonas, o cordeiro pascal e a serpente de bronze, levantada por Moisés tio deserto. 

168) Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana? 
Não.  Fora  da  Igreja  Católica,  Apostólica,  Romana,  ninguém  pode  salvar-se,  como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja. 

360) Proíbem estas palavras toda a espécie de imagens? 
Não, por certo. Mas só as das falsas divindades, feitas com intuito de adoração, como faziam os idólatras. E tanto isto é verdade, que o próprio Deus deu ordem a Moisés para fazer  algumas,  como  as  duas  estátuas  de  querubins  que  estavam  sobre  a  arca,  e  a serpente de bronze no deserto.




Mensagens da Virgem Maria de Medjugorje

Por que fazei tantas perguntas? Toda resposta está no Evangelho.




Código de Direito Canônico

Surge agora uma outra questão sobre a natureza do próprio Código de Direito Canónico. Para responder devidamente a este pergunta, é preciso recordar o antigo património de direito contido nos livros do Antigo e do Novo Testamento, de onde provém, como da sua primeira fonte, toda a tradição jurídica e legislativa da Igreja.

De facto, Cristo Senhor, não destruiu de modo algum a riquíssima herança da Lei e dos Profetas, que pouco a pouco se formara pela história e pela experiência do Povo de Deus no Antigo Testamento, mas deu-lhe cumprimento (cf. Mt 5, 17), de tal sorte que ela de modo novo e mais elevado começou a fazer parte da herança do Novo Testamento. Embora São Paulo, ao expor o mistério pascal, ensine que a justificação não se obtém pelas obras da Lei mas pela fé (cfr. Rom 3, 28; cfr. Gál 2, 16), todavia, com isto não exclui a obrigatoriedade do Decálogo (cfr. Rom 13, 8-10; Gál 5, 13-25; 6, 2), nem nega a importância da disciplina na Igreja de Deus (cfr. 1 Cor cap. 5 e 6). Assim, os escritos do Novo Testamento permitem-nos compreender ainda mais esta mesma importância da disciplina, e poder entender melhor os vínculos, que, de modo mais estreito, a ligam à índole salvífica do próprio anúncio do Evangelho.




Minhas Constatações

Jesus Cristo confirmou que o mundo começou com Adão e Eva e que tiveram filhos, Abel e Caim conforme o texto a seguir: Jesus respondeu: É por isso que a sabedoria de Deus disse: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles os matarão e perseguirão,  a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário’.

Algumas pessoas no antigo testamento viviam mais de 1000 anos conforme atesta o catecismo da Igreja Católica. Um outra constatação da veracidade dos muitos anos vividos é que, por exemplo: se o tempo fosse 10 vezes menor, então com 65 anos (equivalendo a 6,5 anos) não poderia Malaleel ter gerado Jared ou quando Henoc completou 65 anos (equivalendo a 6,5 anos) gerou Matusalém, ou seja, Malaleel e Jared  não podem ter gerado descendentes com apenas 6,5 anos de idade.

Abel era pastor de ovelhas e foi o primeiro profeta que agradou a Deus com ofertas dos primogênitos e a gordura do seu rebanho. Javé gostou de Abel e de sua oferta. Por inveja, seu irmão Caim o matou. Abel foi assassinado pelo próprio irmão. E Deus amaldiçoou Caim dizendo: "Você é amaldiçoado por essa terra que abriu a boca para receber de suas mãos o sangue do seu irmão. Ainda que você cultive o solo, ele não lhe dará mais o seu produto. Você andará errante e perdido pelo mundo". 

Henoc é um exemplo claro de que Deus salva os homens justos. Deus disse para Adão: Você comerá seu pão com o suor do seu rosto, até que volte para a terra, pois dela foi tirado. Você é pó, e ao pó voltará".  Alguns anos depois conceberam Henoc, e no entanto, Henoc agradou a Deus por ser justo e Deus o salvou da morte arrebatando-o.

Devemos aprender com o exemplo Henoc, Noé, Abraão, Moisés, Elias e São José para sermos justos e para agradar a Deus e caminharmos com o Espírito Santo. É muito importante recebermos o Batismo no Espírito Santo para ficarmos unidos fortemente com o Espírito Santo e para andarmos com Deus. Para recebermos o batismo no Espírito Santo é preciso ser batizado na Igreja Católica e observar e atender o que Jesus Cristo disse: "Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que vocês ouvem não é minha, mas é a palavra do Pai que me enviou". "Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele."

A história de Noé, analisada com atenção, verifica-se a autenticidade e detalhamento dos acontecimentos. Eu verifico que o acontecimento do dilúvio, de acordo com a Bíblia, atingiu o planeta terra por inteiro, pois as águas do dilúvio cobriram as montanhas mais altas do planeta terra. "As águas subiam cada vez mais sobre a terra, até cobrirem as montanhas mais altas que há debaixo do céu. A água alcançou a altura de sete metros e meio acima das montanhas".   

O Arco-ires só existe porque Deus o fez quando fez a aliança com Noé e seus descendente. Deus disse: "Colocarei o meu arco nas nuvens, e ele se tornará um sinal da minha aliança com a terra". O Arco-Ires completo visto do céu tem o formato de um anel justamente porque é o sinal da aliança de Deus com a terra. Deus nunca mais irá inundar a terra com águas, pois, Deus disse: De tudo o que existe, nada mais será destruído pelas águas do dilúvio, e nunca mais haverá dilúvio para devastar a terra". Deus pôs o fenômeno do aparecimento do Arco-ires justamente para lembrar da aliança que fez com a terra. Deus disse: Quando eu reunir as nuvens sobre a terra e o arco-íris aparecer nas nuvens, eu me lembrarei da minha aliança com vocês e com todos os seres vivos. E o dilúvio não voltará a destruir os seres vivos. Antes de Noé o Arco-ires não aparecia, pois Deus ainda não o tinha colocado nas nuvens. Ao olhar para o Arco-ires percebe-se que o Criador que o fez é santíssimo e maravilhoso. 

O Arco-ires é um sinal da aliança que Deus fez com a terra. Ao olhar para o Arco-ires lembre-se de Deus que o fez, e não seja indiferente, pois a indiferença é o contrário do amor.

Deus pôs Abraão à prova pedindo o seu filho em holocausto e Abraão não recusou o seu filho e passou pela prova de fé, assim, Deus o abençoou e multiplicou os seus descendentes como as estrelas do céu e a areia da praia. Também nós devemos aprender com o exemplo de Abraão a ter um fé sólida e concreta amando a Deus sobre todas as coisas. Também devemos confiar plenamente na providencia divina.

O conselho de José agradou ao Faraó e a todos os seus ministros. Então, o Faraó disse aos ministros: "Poderão, por acaso, encontrar um homem como este, em quem esteja o Espírito de Deus?". 
José tinha a benção de Deus em tudo que fazia e o dom de interpretar sonhos. José estava com o Espírito de Deus, isto é, com o Espírito Santo! José era justo e abençoado por Deus pois caminhava junto com o Espírito Santo de Deus. Também nós podemos caminhar junto com o Espírito de Deus e sermos abençoados e recebermos os dons do Espírito Santo. Basta recebermos o Batismo da Santa Igreja Católica, o Crisma e depois o Batismo no Espírito Santo, ter fé, ser justo aos olhos de Deus e atender o que Jesus Cristo disse: "Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que vocês ouvem não é minha, mas é a palavra do Pai que me enviou". "Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele."




Minhas Observações

Andar com Deus é andar com o Espírito Santo! 
É preciso querer, pedir e ser justo para andar com Deus! É preciso também receber o batismo no Espírito Santo! Tenha certeza de que ser justo agrada a Deus! Seja justo com tudo e com todos! Aprenda com o exemplo de Henoc, Noé, Abraão, Moisés, Elias e São José que foram homens justos que agradaram a Deus! Reze para Deus para ser justo aos Seus olhos!
É necessário o Batismo na Santa Igreja Católica para receber o Espírito Santo. O Crisma é a confirmação do Batismo. O Batismo no Espírito Santo é a florescência do Espírito Santo na vida da pessoa.
Jesus Cristo confirmou a veracidade das sagradas escrituras e dos patriarcas inclusive com a existência de Abel quando disse: "desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias"
Lembre-se que Jesus Cristo disse: Quem acreditar e for batizado, será salvo.